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Retrato de Charles Dickens é adquirido pelo Dickens Museum5 min read

Reprodução do retrato perdido de Charles Dickens, que foi adquirido pelo Dickens Museum em Londres.

Em novembro de 2018, o Dickens Museum em Londres iniciou uma campanha de financiamento coletivo para adquirir para seu acervo permanente um retrato de Charles Dickens que ficou desaparecido por mais de 130 anos. De autoria de Margaret Gillies, o quadro foi pintado em 1843, mostrando Dickens aos 31 anos de idade, na época em que trabalhava em A Christmas Carol.

Em 1886, Gillies declarou “ter perdido o retrato de vista” e não se teve mais notícia da obra até 2017. O pequeno retrato foi vendido em um leilão de acervo pessoal na África do Sul em novembro de 2017, chegando à galeria Philip Mould & Co em Londres no ano passado. Na última quinta-feira, dia 18 de julho, o Museu anunciou através de seus perfis nas redes sociais que conseguiu angariar os fundos necessários e que o retrato, que será exposto em Doughty Street a partir de outubro, foi adquirido com sucesso.

Segue íntegra no anúncio realizado pelo museu em seu website (em tradução):

Retrato perdido de Charles Dickens volta para casa

Hoje, o Charles Dickens Museum tem o prazer de anunciar que, após uma bem-sucedida campanha de arrecadação de fundos, adquiriu e garantiu o futuro do “retrato perdido” de Dickens. Recentemente redescoberto pela Philip Mold & Co, o extraordinário retrato em miniatura de Margaret Gillies encontrou um lar permanente no Museu localizado em 48 Doughty Street, a residência de Londres onde Dickens escreveu Oliver Twist e Nicholas Nickleby, completou The Pickwick Papers e começou Barnaby Rudge.

Desde o lançamento do Lost Portrait Appeal em novembro de 2018, recebemos generosas doações de admiradores de Dickens de todo o mundo e subvenções substanciais do Art Fund e do Arts Council England / V&A Purchase Grant Fund, para atingir o objetivo de angariar 180.000 libras, possibilitando assim que o retrato passasse a integrar a coleção permanente do museu.

O retrato de Gillies será exibido a partir de 24 de outubro de 2019 e será um destaque da época das festas de fim de ano. O retrato se tornará uma parte regular do programa de exibições do Museu, embora ele vá demandar momentos fora de exibição para preservar a qualidade da aquarela de 176 anos.

A Dra. Cindy Sughrue, Diretora do Museu Charles Dickens, disse: “Estamos muito empolgados por trazer o retrato ‘perdido’ para casa e estamos extremamente gratos e sensibilizados pelo generoso apoio que recebemos de doadores individuais em todo o mundo e de nossos principais financiadores, o Art Fund e o Arts Council England / V&A Purchase Grant Fund. É uma afirmação magnífica do apelo duradouro dos escritos de Dickens e do fascínio mundial que ele continua a inspirar. Estamos honrados por ter trabalhado ao lado de nossos parceiros neste esforço, Philip Mold e sua equipe, que trouxeram a pintura de volta à notoriedade. Meus pensamentos retornam ao ano passado, quando Philip nos contatou pela primeira vez e nos mostrou uma imagem da pintura. Foi um momento memorável, que nos deixou com o coração na boca, para dizer o mínimo. Este é um retrato vibrante de Dickens, aos 31 anos de idade, já conhecido em todo o mundo, mas com tanta coisa ainda pela frente e no processo de composição da sua obra mais querida, A Christmas Carol.”

Em 2017, o retrato coberto de mofo foi vendido em um leilão de artigos domésticos em Pietermaritzburg, na África do Sul, em uma caixa de bugigangas ao lado de um prato de latão, um gravador antigo e uma lagosta de brinquedo de metal. No ano passado, a pintura chegou à Philip Mold & Co Gallery em Londres e, após pesquisas de conservação e proveniência, foi confirmada como o retrato de Charles Dickens (1812-1870) pintado por Margaret Gillies (1803-1887) ao longo de seis sessões em 1843.

Após a publicação de A Christmas Carol, com Dickens já muito famoso, o retrato de Gillies foi exibido na Royal Academy Summer Exhibition de 1844 e rapidamente se tornou a imagem definidora de Dickens. Ao ver o retrato, a poeta Elizabeth Barrett Browning disse que ele tinha “a poeira e a lama da humanidade ao seu redor, apesar daqueles olhos de águia”. No entanto, em 1886, Gillies observou que ela “perdera o retrato de vista”. Ele permaneceu perdido até o leilão sul-africano em 2017.

Mensagens dos Apoiadores

Philip Mould, diretor da Philip Mould & Company, disse: “O ressurgimento impressionante de Dickens, ainda mais por trás de uma parede obscura de fungos, nunca poderia ter sido previsto. Estamos muito felizes por ele estar finalmente de volta à sua casa em Londres depois de uma aventura tão global – é um conto épico com um final extremamente feliz.”

Stephen Deuchar, diretor do Art Fund, disse: “Estamos muito satisfeitos por termos apoiado esta excelente nova aquisição do Charles Dickens Museum. Retratando um jovem Dickens no ano em que A Christmas Carol foi publicado, ele irá animar brilhantemente a história de sua vida e obras em sua antiga casa em Bloomsbury. Considerado perdido por mais de 170 anos, este retrato importante pode agora ser apreciado pelos visitantes do Museu nos próximos anos.”

Julia Brettell, Administradora do Arts Council England / V&A Purchase Grant Fund, disse: “Este retrato em miniatura cativante do jovem Charles Dickens é uma importante aquisição para o Charles Dickens Museum. Pintado em um momento crítico de sua carreira, ele retrata Dickens não apenas como um escritor à beira de um enorme sucesso, mas também reflete sua paixão pela reforma social. O Arts Council England / V&A Purchase Grant Fund tem o prazer de poder contribuir para a compra e apoiar o papel do museu como um centro para o estudo e a valorização da vida e da obra de Dickens.”

Com um agradecimento especial ao Art Fund, ao Arts Council England / V&A Purchase Grant Fund e a todos os nossos doadores. A lista completa será anunciada em breve.

 

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Professora na UERJ | Website

Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.

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