Pular para o conteúdo

Retrato da “Lydia original” é adquirido pelo Jane Austen’s House MuseumLeitura em 3 minutos

Retrato de Mary Pearson - supostamente a mulher que inspirou Lydia Bennet em Orgulho e Preconceito - foi adquirido pelo Jane Austen House Museum.

Um retrato recém-descoberto de uma mulher que pode ter inspirado uma das personagens mais famosas de Jane Austen foi adquirido por um museu dedicado à obra e à vida da autora.

Mary Pearson foi noiva do irmão de Austen, Henry, por um breve período e acredita-se que ela tenha inspirado a construção de Lydia Bennett em Orgulho e Preconceito.

Na terça-feira (7), o Jane Austen’s House Museum, em Chawton, Hampshire, na Inglaterra, anunciou ter adquirido o único retrato conhecido de Pearson, objeto que lança nova luz sobre certos aspectos da biografia de Austen e do entendimento da autora sobre o casamento na sociedade em que vivia e sobre a qual escreveu em seus romances.

Sophie Reynolds, administradora de coleções e interpretações do museu, declarou que o retrato em miniatura, produzido por William Wood, é “um objeto belo e muito delicado” por si só, mas que também carrega “uma história maravilhosa”.

Austen conhecia Pearson razoavelmente bem porque a jovem foi noiva de seu irmão favorito. Henry, assim como George Wickham, era um membro da Milícia.

Mary e Henry ficaram noivos às pressas e as cartas do romancista revelam a dúvida de Austen quanto à continuidade do relacionamento. Ao escrever para sua irmã Cassandra em setembro de 1796, Austen observou: “Se a senhorita Pearson voltar comigo, peço que tome o cuidado de não esperar muita beleza.”

Henry, de fato, rompeu o noivado de forma pouco cerimoniosa após alguns meses. Por algum tempo, as duas mulheres mantiveram contato e Austen teve a tarefa de devolver todas as cartas que Pearson escreveu a seu irmão.

Acredita-se que o retrato recém-adquirido tenha feito parte da tentativa de Pearson de voltar ao mercado de casamentos após o fim do noivado.

Paralelamente, Austen estava escrevendo seu romance First Impressions, mais tarde renomeado como Pride and Prejudice.

“Há uma teoria de que ela teria sido a inspiração para Lydia Bennet e há semelhanças impressionantes entre as personagens”, disse Reynolds.

Lydia, descrita como uma garota de 15 anos “voluntariosa e descuidada”, ansiosa para encontrar um marido antes mesmo de suas irmãs mais velhas se casarem, desenvolve um vínculo romântico com Mr. Wickham e a fuga do casal quase arruína o nome da família Bennet, resgatada por Mr. Darcy. Fitzwilliam rastreou a dupla e assegurou que George e Lydia efetivamente se casassem antes que um escândalo se instaurasse.

Pearson, por sua vez, permaneceu solteira por duas décadas após o noivado com o irmão de Austen.

“Lydia é uma personagem fantástica”, disse Reynolds. “Ela fica muito feliz com o fato de se casar primeiro, ela acredita que seja um verdadeiro triunfo. É muito fácil para a nossa sociedade ver essa obsessão pelo casamento como um tipo de problema, mas naquela época era absolutamente o que você precisava fazer.”

A miniatura foi comprada de Philip Mold pelo museu com apoio de fundos do Beecroft Bequest e do Art Fund. A obra chegou ao destino esta semana, mas não pode ser visitada ainda por causa do lockdown no Reino Unido (devido à pandemia do COVID-19), então vídeos curtos de novas aquisições foram postados no canal do museu no YouTube.

Os itens recém-adquiridos incluem retratos da família Digweed, que estavam entre os vizinhos mais próximos da família Austen em Steventon, Hampshire, e um leque moderno criado por Aafke Brouwer com uma representação de Colin Firth como Mr. Darcy.

O retrato, por sua vez, é uma aquisição importante, segundo Reynolds. “Aqui no museu, temos um grande interesse ​​em preencher as lacunas da vida de Jane Austen e oferecer objetos visuais para os visitantes compreenderem a estética do mundo dela é muito útil.”

“Todos gostamos de pensar em quem inspirou qual personagem. Sempre tem muita gente escrevendo novas teorias.”

Com informações do The Guardian.

Publicado por

Marcela Santos Brigida
Professora na UERJ | Website

Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *