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Jane Austen e Brontës são como Oasis e Blur, diz Matt Haig3 min read

Imagem repartida ao meio. À esquerda, um retrato de Jane Austen. À direita, um retrato de Charlotte, Emily e Anne Brontë.

Como parte da série Books that made me, o romancista Matt Haig falou um pouco sobre suas leituras favoritas ao jornal britânico The Guardian. Questionado quanto a livros que não leu ou não chegou a terminar, o autor de Razões para continuar vivo contou que nunca leu um livro de Jane Austen até o fim, tendo uma sintonia melhor com as obras das irmãs Charlotte, Emily e Anne Brontë. O autor comparou, ainda, a diferença entre Austen e as irmãs de Yorkshire à rixa entre Oasis e Blur, bandas de Britpop que dominaram as paradas do Reino Unido e do mundo na década de 1990.

Traduzimos alguns trechos da entrevista abaixo, mas você pode ler o texto na íntegra no site do The Guardian.

O livro que estou lendo atualmente

The Heavens de Sandra Newman. Ela combina um prosa rica, astuciosa, às vezes dândiesca, às vezes econômica, com uma imaginação selvagem. Este livro é repleto de viagens no tempo, alusões literárias e ela se propõe a correr riscos autorais que acabam compensando. Eu também estou lendo Figuring de Maria Popova, que é uma obra igualmente ambiciosa e brilhante; uma mina de conhecimento histórico e outras informações.

O livro que mudou minha vida

Ler não era algo percebido como sendo “legal” pelos meus colegas do sexo masculino na escola, então The Outsiders de SE Hinton foi uma leitura reconfortante, sendo um livro sobre uma gangue de adolescentes legais e durões que também gostavam de poesia. Trainspotting de Irvine Welsh foi outro livro que me marcou. O livro mostrava que um romance pode ser qualquer coisa que você queira que ele seja. Pode apelar para muitas pessoas sem ter que ceder em nada.

O livro que eu gostaria de ter escrito

Frankenstein de Mary Shelley. Quer dizer, imagine só: “Oi, o que você faz?” “Eu sou escritor.” “Legal. Alguma coisa de que eu tenha ouvido falar?” “Sim. Frankenstein.”

 O livro que influenciou minha escrita

The Power and the Glory  de Graham Greene. Eu li a maioria de seus livros enquanto fazia meu mestrado e me apaixonei pelo seu estilo, especialmente o uso de símile e metáfora. A comparação simples e potente de coisas sólidas e coisas abstratas. “Ele bebeu o uísque como uma condenação.” Eu almejo alcançar esse tipo de pureza.

O livro que considero o mais superestimado

O Senhor dos Anéis. Eu amo O Hobbit, por ter humor e alma, mas O Senhor dos Anéis é o melhor exemplo de construção de mundo sutil sobre emoções sutis. No entanto, eu entendo que isso é apreciado por muitos milhões de pessoas.

O livro eu não consegui terminar

Muitos, para ser sincero. Eu vou dizer Moby Dick de Herman Melville. É muito longo e árduo. Além disso, deixe a baleia em paz.

O livro que eu tenho mais vergonha de não ter lido

Nunca me envergonho de não ter lido um romance. Ler não é um dever. Eu nunca li um único romance de Jane Austen até o final. Eu realmente não “entendo” Austen do jeito que eu entendo, digamos, as irmãs Brontë. Eu suponho que seja como Oasis x Blur. Também tem Guerra e Paz de Leon Tolstói. Eu estou esperando um ano sabático para ler.

Minha leitura de conforto

A poesia de Emily Dickinson. Eu não sou religioso de uma maneira convencional, mas se algum dia eu me tornasse religioso, provavelmente seria o resultado da leitura de um poema de Emily Dickinson. “Find ecstasy in life; the mere sense of living is joy enough.”1

O livro que dou de presente com mais frequência

Animals in Translation de Temple Grandin. Pode fazer qualquer pessoa mudar de ideia sobre a vida interior de nossos amigos animais.

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Professora na UERJ | Website

Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.

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