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Resenha: Hamnet (2020), de Maggie O’FarrellLeitura em 3 minutos

Resenha de Hamnet

Para estrear minhas postagens de resenhas no blog do Literatura Inglesa Brasil com chave de ouro, escolhi um dos romances lidos no clube do livro do Literatura Inglesa Brasil: Hamnet de Maggie O’Farrell. Que Shakespeare é um dos maiores dramaturgos da história todos nós já sabemos, mas apesar de toda a popularidade, muitas informações da sua vida pessoal são desconhecidas.

Pensando nisso, O’Farrell preenche as lacunas da história misteriosa que foi a vida do Bardo. A autora evidencia um dos episódios mais marcantes da vida de Shakespeare: a morte de seu filho Hamnet. O romance é dividido em duas partes, uma que se passa antes da morte de Hamnet e a outra após. O que torna essa história fascinante é a escolha da autora de direcionar o foco narrativo não tanto para Shakespeare – seu nome sequer é propriamente mencionado no livro – mas sim para sua esposa Agnes (uma versão ficcional de Anne Hathaway) e os filhos Hamnet, Judith e Susanna.

Além disso, a autora estabelece uma alternância de espaço temporal com o objetivo de explorar a vida de Shakespeare desde o seu início, de forma sutil e que possa preencher os vazios existentes em suas biografias. O’ Farrell transmite a dor do luto e como cada integrante da família reage a esse sofrimento, explorando o sofrimento de perder um filho, um irmão, um neto, um sobrinho e uma pessoa amada.

Logo no primeiro capítulo, Hamnet aparece à procura de um adulto pela casa para socorrer a sua irmã gêmea, Judith, que não estava se sentindo bem. Na passagem, nota-se uma menção sutil à peste bubônica sem nunca sequer citá-la propriamente, o que gera um clima assustador com uma atmosfera de tensão no livro, tensão essa que o leitor já espera após ler a sinopse do romance. Mesmo com a triste expectativa da morte de Hamnet a qualquer hora, tal acontecimento demora para suceder. A escritora cria um ambiente nostálgico para que o leitor tenha tempo de conhecer e se afeiçoar ao menino, vendo-o nascer, crescer, até então chegar o momento da sua morte.

Com alternâncias entre o presente e o passado, todos os personagens são muito bem construídos, com sentimentos e personalidades complexos. Agnes é uma das personagens que mais desperta atenção, desde a sua primeira aparição na vida de Shakespeare até a reação ao luto. No capítulo da morte de Hamnet, podemos sentir a dor de Agnes como se fosse nossa. Ela relata que:

Abriria as próprias veias, rasgaram o próprio corpo e daria ao filho seu sangue, seu coração, seus órgãos, se de alguma coisa adiantasse. – Hamnet, Maggie O’Farrell

O romance também trabalha a elaboração do luto por meio da arte. Perto do desfecho, Agnes vai a encontro do marido em Londres, frustrada por somente ela estar vivenciando o luto. Porém, ao chegar na cidade, a mulher se depara com uma nova forma de elaborar ressignificar o luto: por meio da arte.

Hamnet é uma leitura profunda e ao mesmo tempo muito prazerosa. O romance prende a atenção do leitor. Se você procura uma leitura capaz de mexer com o seu coração, além de acrescentar um pouco de conteúdo shakespeariano, Maggie O’Farrell faz isso com maestria e leveza. A história é tão comovente que chega a ser quase impossível terminá-la de forma indiferente. Se você é um fã de Shakespeare, vale a pena começar essa leitura incrível! 

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