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Em permanente estado de desconforto: Normal People de Sally RooneyLeitura em 18 minutos

Fenômeno entre crítica e leitores, Normal People alçou a irlandesa Sally Rooney ao status de celebridade após sua publicação em setembro de 2018. A autora já era conhecida por seu romance de estreia, Conversations with Friends, de 2017. As expectativas em relação ao segundo romance de Rooney já estavam nas alturas antes mesmo de o livro ser lançado. Já em agosto, foi anunciado que Normal People seria adaptado para a TV por Lenny Abrahamson (indicado ao Oscar por O Quarto de Jack) para a BBC.

A recepção oferecida ao segundo romance de Rooney após seu lançamento foi igualmente calorosa. Normal People rendeu à autora uma indicação ao Man Booker Prize (entrou para a longlist de 2018), venceu na categoria “Melhor Romance” na edição de 2018 dos Costa Book Awards e foi votado o Livro do Ano da Waterstones (2018). Em 2019, entrou para a longlist do Women’s Prize for Fiction.

Em resenha publicada no The Guardian, Sian Cain classificou Normal People como “o fenômeno literário da década”. Kate Clanchy afirmou que o romance é “um futuro clássico” (The Guardian). Julie Myerson aplaudiu a estrutura dos capítulos e sintetizou suas impressões sobre o romance declarando: “Este é um lindo romance com uma inteligência profunda e satisfatória no seu âmago” 1 (The Guardian). Já Catherine Humble elogiou a construção dos personagens: “Rooney é excepcional na escritura de personagens que suportam o desprezo da vida. Ela escreve a angústia como ninguém” 2 (The Independent). Anne Enright o declarou “esplêndido” (The Irish Times).  O The New York Times coroou Rooney “a primeira grande autora da geração millennial”.3 

Como precisar, então, a característica peculiar que transformou Normal People em um dos lançamentos não apenas mais esperados, mas mais aplaudidos de 2018, levando a crítica a declarar o brilhantismo da escrita de Rooney em termos tão absolutos?

Normal People: uma leitura desconfortável

Desconforto é a palavra que parece aglutinar as definições possíveis para as narrativas fragmentadas em que se desenrolam as experiências dos dois protagonistas de Normal People. Marianne Sheridan e Connell Waldron atravessam a transição da adolescência para a vida adulta com extremo desconforto, tateando no escuro em busca de uma noção de identidade fixa que, em certo grau, sabem desde o início que não irão encontrar.

Embora características locais estabeleçam variações entre as experiências das pessoas nascidas no período que se convencionou circunscrever a geração millenial – entre 1979 e 1996 – há, ainda assim, elementos em comum que estabelecem um vínculo fundamental. Trata-se da geração transicional do analógico para o digital, do CD player para o streaming, dos aparentes avanços políticos e sociais dos anos 1990 e da integração num nível global para a ressurgência da intolerância e do nacionalismo desenfreado. A geração millenial é marcada por uma mudança estrutural na forma como seres humanos interagem uns com os outros e constroem suas noções de identidade. É uma geração em constante adaptação. Imprensada entre o XX e o XXI, é uma geração que não parece segura do que esperar de si mesma. É este não-saber inquietante que Rooney retrata com maestria.

O romance é protagonizado por dois personagens que não têm certeza de quem são ou do que podem vir a ser, mas cujo processo de amadurecimento – que felizmente não encontra síntese ao final da trama – é significativamente marcado pela forma como eles se medem em relação ao que percebem como paradigmas de normalidade. A forma como esses paradigmas – of Normal People, de pessoas normais – sofrem metamorfoses ao longo da história é indicativa das identidades mutáveis de Marianne e Connell, cuja única constante é a incapacidade de se dissociarem completamente um do outro. Aqueles percebidos como normais invariavelmente exibem suas próprias marcas de inadequação, momento em que Connell e Marianne são forçados a questionar se esses valores de fato existem.

Uma estrutura oscilante

O romance é subdivido em capítulos que alternam entre o ponto de vista de Connell e o de Marianne, artifício que oferece ao leitor acesso às subjetividades dos protagonistas em um nível que impossibilita um entendimento de Normal People enquanto história de amor (classificação utilizada por alguns críticos), ao menos sob qualquer tipo de molde tradicional. Incertos quanto à forma como entendem a si próprios e, especialmente, quanto à forma como olham um para outro, eles vivenciam (especialmente Connell) um medo constante de se verem refletidos nas falhas do seu par. A confusão mental e as contradições que permeiam a maior parte da trajetória do casal impede que o leitor idealize de alguma maneira o relacionamento que conduz a narrativa.

Cada capítulo traz como título uma marcação temporal que referencia os acontecimentos do capítulo anterior. Iniciamos com “Janeiro 20114” e todos os capítulos subsequentes trazem o tempo que se passou como título “Duas Semanas Depois5”, “Quatro Meses Depois6” e a data de fato entre parênteses (Fevereiro 2011, Julho 2013). No entanto, seria um equívoco classificar esta como uma narrativa puramente linear. Reminiscências atravessam o presente, com os protagonistas oferecendo seu ponto de vista, até então inédito, para eventos narrados em capítulos anteriores. Normal People oscila rapidamente entre o momento atual e o que já passou.

Marianne Sheridan e Connell Waldron: subjetividades instáveis

 O ponto em que o romance se inicia marca também o começo do relacionamento entre Connell e Marianne. No último ano do equivalente irlandês ao nosso Ensino Médio, na cidade de Carricklea, Sligo na Irlanda, os dois protagonistas ocupam papeis pré-definidos que os situam em extremos opostos da experiência colegial. Marianne é uma outsider que passa o recreio lendo Proust. Ela exercita “um desprezo declarado pelas pessoas na escola”, segundo a descrição inicial de Connell, que observa também que lá “muitas pessoas a odeiam”. O pai de Marianne morreu quando ela tinha 13 anos e logo torna-se claro para o leitor que além do bullying sofrido na escola, a menina sofria abuso psicológico e agressões físicas em casa. É perceptível que ela não experiencia qualquer sensação de pertencimento em relação a Carricklea.

Distantes na escola, Marianne e Connell começam a se encontrar com frequência quando o garoto passa a buscar a mãe, que trabalha na mansão da família de Marianne, no final do expediente. Há um vão entre os status sociais dos protagonistas que se manifesta de forma dupla no início da narrativa. Connell é um astro do time de futebol da escola, imensamente popular. Por outro lado, sua mãe – Lorraine, que engravidou de Connell na adolescência – trabalha fazendo faxina na casa da família rica e disfuncional de Marianne. Não ter conhecido seu pai, no entanto, não parece abalar Connell de nenhuma forma significativa. Lorraine é uma mãe carinhosa e presente. Mesmo diante de todas as dificuldades, deixa claro jamais ter se arrependido de ter levado a gravidez adiante e demonstra o orgulho que sente por Connell aberta e frequentemente.

Marianne tem dinheiro, mas é maltratada na escola e em casa, pela mãe e irmão mais velho. Ela não mantém nenhuma amizade em Carricklea até se aproximar de Connell, e mesmo essa relação é distintamente problemática. O abuso sofrido de maneira sistemática ao longo de toda a vida acaba por minar a sua autoestima, levando-a a aceitar tratamentos degradantes e a sentir que não é digna de respeito e consideração.

A própria relação com Connell começa com uma nota ambígua. No encontro que desencadeia a aproximação dos dois, ele reflete sobre seus sentimentos conflitantes em relação à garota: “Ele teme ser deixado sozinho com ela desse jeito, mas também se pega fantasiando sobre coisas que poderia dizer para impressioná-la”.7

O desconforto psicológico e emocional que pontua o romance se manifesta de forma física nos personagens. Marianne declara – num impulso de liberdade contrastante com a auto repressão de Connell – que gosta dele. A intimidade que se instala de forma quase instantânea entre os dois e que permeia toda a narrativa é descrita por ele já neste ponto de relação como “muito severa, o pressionando com uma pressão quase física em seu rosto e corpo”.8

Ainda neste encontro, Marianne oferece um doce para Connell e, desconcertado, ele descreve a forma como pressionou “suas mãos um pouco mais fundo nos seus bolsos, como que tentando armazenar seu corpo inteiro nos bolsos de uma só vez”9.

A repressão se impõe, no entanto. Ele sente as orelhas arderem com a probabilidade da oferta de Marianne ser ambígua, excitado pela aura de possibilidade e pela própria atração. O freio de Connell é social: ele supõe que ela possa estar fazendo isso para “degradá-lo por associação”, já que na escola ela é “considerado um objeto de repugnância”10.

Não é raro esse tipo de pensamento mesquinho e cruel de Connell chegar até o leitor. Embora ele venha a reconhecer que sua atração por Marianne vem de algum aspecto muito profundo da sua personalidade e que a forma como eles se comunicam se passa num nível inacessível a todas as outras pessoas – algo que se mantém mesmo após diversas separações ao longo dos anos – Connell sente medo e repulsa profundos pela forma como Marianne abre a porta para aspectos da sua identidade que ele se esforçava para ocultar ou apagar. Convencido de que o papel de garoto popular – de pessoa normal – que ele exercia em Carricklea era uma espécie de essência, Connell tem essas certezas desestabilizadas pela intensidade do relacionamento com Sheridan. Entre isso e a impopularidade da garota, ele determina que o relacionamento deve ser mantido em segredo. Marianne aceita passivamente a imposição de jamais se comunicar com ele diante dos colegas.

Ficar sozinho com ela é como abrir uma porta para além da vida normal e fechar essa porta ao sair. Ele não tem medo dela. Na verdade, ela é uma pessoa bem tranquila, mas ele tem medo de ficar perto dela por causa do jeito confuso como ele se comporta, as coisas que ele diz que ele nunca diria normalmente.11

Connell se ressente de Marianne por ser o espelho que reflete facetas de sua própria personalidade cuja ascensão à superfície ele procurava impedir. Quando os dois se reencontram na Trinity College em Dublin, os papeis se invertem: ele é o outsider enquanto ela se torna uma espécie de celebridade no campus, amplamente admirada e inegavelmente atraente. O contexto que antecede o reencontro sustenta a aura de desconforto que permeia Normal People, um deslocamento que é arrefecido somente pela abertura com que Marianne, agora popular, recebe o amigo não como um fantasma do seu passado, mas como uma possibilidade para o seu futuro.

Ainda assim, permanece em Connell a sensação de que Marianne traz à tona suas características mais inadequadas. Quando ele se envolve com outra pessoa, é o quão “normal” ela faz Connell se sentir que ele destaca como uma das qualidades da relação.12 

Em momentos como este, Normal People pode remeter o leitor a Wuthering Heights de Emily Brontë. Em sua incompatibilidade superficial que acoberta uma afinidade profunda e inescapável, Marianne e Connell parecem emular Cathy e Heathcliff. A roupagem contemporânea do olhar de Rooney é profundamente libertadora para a personagem feminina: o século XXI desobriga Marianne de repetir a sina da heroína vitoriana desviante de Brontë. No aqui e agora, uma família abusiva ainda detém o poder de causar danos profundos, mas o futuro ainda resiste como uma página em branco.

Um entendimento mais amplo sobre identidades

Em Normal People, o leitor acompanha o lento desenrolar da compreensão de Marianne e Connell de que a tentativa de forjar uma identidade estável para oferecer ao mundo é um exercício essencialmente fútil. Se sua vida em Carricklea é percebida por Marianne como não sendo sua vida de fato,13, sua existência em Dublin se sustenta sobre alguns dos mesmos equívocos que Connell havia se apoiado nos tempos de escola. É interessante observar que, mesmo na fase em que ansiava diariamente pelo momento de iniciar uma nova vida longe de casa, Marianne já estava consciente da falácia que esta nova vida representava. Pertencimento é sempre uma ilusão em Normal People e a dificuldade do casal se abrir simultaneamente à instabilidade que a conexão oferecia a ambos é o motor que propele a narrativa.

Em apenas algumas semanas, Marianne vai viver com pessoas diferentes e a vida vai ser diferente. Mas ela própria não vai ser diferente. Ela vai ser a mesma pessoa, presa no seu próprio corpo. Não há lugar algum para onde ela possa ir para se libertar disso. Um lugar diferente, pessoas diferentes, como isso pode importar?14

Os reencontros e retomadas do relacionamento, assim como as viagens dos protagonistas de volta para sua cidade natal, inviabilizam qualquer possibilidade de uma ruptura definitiva com as pessoas que eles eram antes. Quando já tem sua vida estabelecida em Dublin, Marianne volta para casa para ouvir sua mãe dizer que ela não deveria se sentir especial, seu irmão sugerindo que ela cometa suicídio e as lembranças da pessoa que ela gostaria de não ser, mas que a assombra todos os dias na forma como ela concebe sua forma de se relacionar com os outros. Por sua vez, neste segundo momento, Connell se sente sufocado pelo entrelugar que ocupa, incapaz de se sentir confortável em Dublin, mas incapaz de voltar a ser quem era em Carricklea.

 

Eu não sei qual é o meu problema, disse Marianne. Eu não sei por que não posso ser como as pessoas normais. Acho que tinha algo de errado comigo quando eu nasci.15

Marianne replica em seus relacionamentos uma necessidade profunda de se sentir amada, enquanto Connell tenta reanimar a identidade à qual ele se apegou com tudo que tinha nos primeiros anos de sua vida. De alguma forma, porém, os dois acabam sempre convergindo e escolhendo um ao outro.

Marianne é inegavelmente a personagem mais interessante, embora a nudez com que o fluxo de pensamentos de Connell reflete a banalidade da hierarquia dos seus valores seja de certa forma revigorante. Suas falhas de caráter, no entanto, assim como as de Marianne, potencializam o desconforto que Rooney parece se propor a causar no leitor. Assim, a voz da autora parece comunicar algo fundamentalmente peculiar ao nosso tempo. Normal People é desconfortável, constrangedor e inquietante como a nossa própria existência no início do século XXI.

Embora acompanhe os protagonistas em seu período de transição da adolescência para a vida adulta, não seria coerente abordar Normal People como um Bildungsroman. Esta não é a história de uma evolução dos personagens, não chegamos a uma síntese de fato, como o final levemente abrupto do romance sinaliza. Algum amadurecimento resulta das experiências narradas, contudo, quando Connell é capaz de ressignificar o tão perseguido conceito de normalidade. Questionado pela então namorada sobre a maneira como agia perto de Marianne, ele se dá conta de que a forma como agia perto dela era “sua personalidade normal” e que talvez ele fosse “uma pessoa estranha”.16 Essa percepção, enfim, traz tranquilidade, não angústia.

Embora Connell se liberte, em parte, dos seus fantasmas e caminhe para uma auto aceitação, Marianne segue carregando a sensação de culpa que define grande parte das suas experiências.

Por essa razão parece intencional o corte abrupto com que nos é anunciado perto do final do romance que Marianne é “uma pessoa normal agora”, invisível, adequada. Isso acontece poucos meses após concluir que sua vida sempre fora “anormal” e que embora tentasse ser uma boa pessoa, ela seria sempre uma “pessoa má e corrompida”, independentemente dos seus esforços. Seu esforço final emula, de certa forma, aquele empreendido por Connell ao longo de todo o romance, uma auto anulação domesticadora que fatalmente terá uma eficácia limitada.

Normal People chega à sua conclusão numa nota levemente insatisfatória. Talvez o seja assim porque qualquer forma de desfecho pareceria alheio ao desenvolvimento do romance. Não há conclusão adequada para uma história sobre o desconforto de não saber transitar pelo mundo, que lança luz sobre a forma dolorosa como tateamos pelo escuro a procura de uma existência possível, formando nossos próprios calos no processo. Normal People nos proporciona uma leitura incômoda, desconfortável. Esta é uma obra absolutamente contemporânea que se projeta para o futuro – como Kate Clanchy sugeriu – justamente porque sua incapacidade de se enquadrar no aqui-e-agora encapsula algo peculiarmente nosso que é inacessível ao olhar não-treinado nas sutilezas dos não pertencer.

A leitura de Normal People absorve o leitor não pelas personalidades magnéticas das personagens, pela promessa de grandes reviravoltas ou um desfecho inesperado. Seus movimentos são, de certa forma, previsíveis. E é assim, de certa forma, que uma constante sensação de desconforto impede que o leitor se desconecte da narrativa.

Numa espécie de voyeurismo literário, não conseguimos nos desvencilhar das idas e vindas de Connell e Marianne sem sentir que a inadequação dos dois – de forma conjunta ou individual – respinga de certa forma em que lê, quem se enxerga ali a despeito de si mesmo. É uma característica que outras obras emblemáticas da geração millenial – como Girls de Lena Durham, por exemplo – trazem embutidas em suas estruturas narrativas. O mergulho nos eventos que constituem as vidas ficcionais dessas personagens viabiliza um monólogo interno sobre nossas próprias inadequações.

Publicado por

Marcela Santos Brigida
Professora na UERJ | Website

Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.

6 comentários em “Em permanente estado de desconforto: Normal People de Sally RooneyLeitura em 18 minutos

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  3. Em permanente estado de desconforto, é assim com certeza que eu eu definiria meu estado após ler esta obra. Acho que estou até agora engolindo tudo isso. Adorei sua resenha, coube perfeitamente tudo que a obra proporciona. De um jeito estranhamente pertubador, esse é um dos melhores livros dessa geração.

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  6. É refrescante ler uma crítica assim. A crítica literária é uma arte perdida. Exemplo disso são as publicações ridículas sobre o livro nos veículos de comunicação nacionais. Um autor terminou sua “crítica” para a Folha dizendo que é um livro de menininha, só pra se ter uma ideia…

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