Stephen Joyce, o último descendente direto de James Joyce, conhecido por sua defesa implacável das obras do avô, morreu aos 87 anos em Ile de Ré, reportou o The Guardian na segunda-feira (27).
Stephen era filho de Giorgio Joyce, filho de James e Nora Joyce. Seu nascimento, em fevereiro de 1932, foi marcado pelo autor de Ulisses com o poema Ecce Puer, que também lamenta a morte do pai do autor.
Nascido em Paris, Stephen Joyce trabalhou para a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na frente de desenvolvimento africano antes de assumir a administração do espólio de Joyce. Ele manteve controle estrito sobre o legado de seu avô, tendo ameaçando o governo irlandês em 2004 com uma ação judicial para impedir leituras públicas no Bloomsday, a celebração anual de Ulysses, gerando inúmeras contendas com pesquisadores por causa de livros sobre Joyce e recusando permissão para citar as obras do autor. Os acadêmicos, disse ele à The New Yorker em 2006, eram como “ratos e piolhos – eles deveriam ser exterminados!”, disse ele.
“Não estou apenas protegendo e preservando a pureza do trabalho do meu avô, mas também o que resta da muito violada privacidade da família Joyce”, disse ele ao DT Max, da New Yorker. “Todo artista possui o direito nato de ter seu trabalho … reproduzido como ele quer que seja reproduzido.”
A expiração dos direitos autorais sobre as obras de Joyce no final de 2011 reduziu o risco de represálias do espólio do autor para aqueles que desejam apresentar ou citar as suas obras. “Foi bastante libertador [e] há uma sensação geral de alívio”, disse Mark Traynor, administrador do James Joyce Centre de Dublin, na época. “As pessoas agora podem voltar e comemorar as palavras por conta própria e não sentir ansiedade por medo de serem contactadas por um advogado”.
O presidente da Irlanda, Michael D Higgins, disse que Stephen Joyce “estava profundamente comprometido com o que via como o dever especial de defender o legado da família Joyce em termos literários e pessoais”.