O Ministério da Justiça britânico rejeitou um pedido para transformar a prisão de Reading, onde Oscar Wilde ficou preso por dois anos, entre 1895 e 1897, em um centro cultural.
O edifício, que é listado como patrimônio histórico, teve suas atividades enquanto prisão encerradas em 2014 e colocado à venda no ano passado. Ativistas propuseram um projeto para transformar o local em um centro cultural, atraindo apoio de escritores como Stephen Fry e Julian Barnes. No entanto, o governo local de Reading declarou na terça-feira (7) que o Ministério da Justiça recusou sua proposta para comprar a propriedade.
O chefe do governo local, Jason Brock, disse que, apesar da rejeição, ele espera se encontrar com o licitante vencedor – quem quer que venha a ser – para “trabalhar em estreita colaboração com ele para garantir que o valor histórico e cultural da prisão de Reading receba proeminência à medida em que os planos forem desenvolvidos.”
“A proposta do governo local se concentrava corretamente no valor histórico e cultural do edifício e dependia de garantir fundos externos significativos para gerenciar o risco de adquirir essa propriedade histórica”, disse ele. “Estamos naturalmente desapontados que o Ministério da Justiça tenha rejeitado a nossa proposta.”
A prisão foi imortalizada no poema de Oscar Wilde, “The Ballad of Reading Gaol”, publicado em 1898 sob o pseudônimo C.3.3 – número do autor na prisão, sua cela sendo a terceira no terceiro andar do Bloco C.
Em seu apoio à campanha, Fry havia dito que seria perfeito se “arte possa ser criada a partir do lugar onde Oscar e tantos outros sofreram”, enquanto Barnes disse à BBC no mês passado que “transformar uma prisão em um centro cultural é o equivalente a hastear uma bandeira branca.”
O representante de Reading East no Parlamento, Matt Rodda (Partido Trabalhista), que fez campanha pelo centro cultural lado a lado com Alok Sharma (Partido Conservador), representante de Reading West, disse estar profundamente desapontado com a abordagem do governo e instou o Ministério da Justiça a “trabalhar com o governo local e respeitar o enorme importância histórica da Prisão de Reading.”
“Estou preocupado que o governo ainda queira vender a prisão para quem oferecer o maior lance e entendo que agora eles têm um candidato favorito com quem estão trabalhando”, disse ele em comunicado. “Eu pediria a eles, mesmo nesta fase tardia, que reconsiderassem e pensassem novamente em vender a prisão para o conselho do distrito de Reading ou para uma organização de artes e patrimônio histórico.”
Com informações do The Guardian.
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Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.