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Clube do livro: O cavalo amarelo é leitura de setembroLeitura em 3 minutos

O cavalo amarelo de Agatha Christie é próxima leitura do nosso clube do livro.

Já estão abertas as inscrições para a reunião de agosto do nosso clube do livro, que acontecerá no dia 24/09 às 18h15, via Jitsi Meet.

“O sobrenatural parece sobrenatural, mas a ciência do futuro é o sobrenatural da atualidade.” (O CAVALO AMARELO – Agatha Christie)

O livro selecionado para este mês é The Pale Horse (O cavalo amarelo), romance de Agatha Christie recentemente adaptado na forma de uma minissérie pela BBC. Como setembro marca o aniversário de Christie, e 2020 o centenário da publicação do seu primeiro romance, nosso clube decidiu celebrar a Rainha do Crime este mês.

— Viva Poppy! Além do mais você não é suficientemente rica para morar em Chelsea. Fale mais sobre Macbeth e sobre as bruxas, Mark. Se eu fosse dirigir esta peça, sei como apresentaria as bruxas.
David, nos tempos de estudante, tinha feito sucesso no teatro universitário.
— Como seria?
— Eu as apresentaria como três velhinhas comuns. Como as feiticeiras das cidades do interior.
— Como, se hoje em dia não existem mais feiticeiras? — perguntou Poppy.
— Você diz isto porque mora em Londres. Em qualquer cidade do interior da Inglaterra existe uma feiticeira. Há sempre uma Sra. Black a quem os meninos não devem incomodar e que recebe ovos e bolos da vizinhança. Sabem por quê? — perguntou
David, sacudindo o indicador, num gesto de ameaça. — Porque se ela se zanga com alguém, a vaca deixa de dar leite, a praga invade o pomar ou o filho da Sra. Smith torce o pé. É tacitamente aceito que não se deve contrariar a Sra. Black.
— Você está brincando! — disse Poppy.
— Não estou não. Diga, Mark, se eu não tenho razão?
— Hoje em dia estas superstições já acabaram— declarou Hermia, incrédula.
— Não na zona rural. O que você acha, Mark?
— Creio que tem razão — respondi embora nunca tenha morado no interior.
— Não vejo como, em Macbeth, seria possível apresentar as bruxas como se fossem velhas de um asilo. A feitiçaria é cercada de uma atmosfera sobrenatural — disse Hermia.
— Pense bem — insistiu David. — O problema é igual ao da loucura. Se aparece em cena um ator fazendo-se de louco, com os cabelos desgrenhados, gritando, ninguém fica com medo. Uma vez, fui entregar uma carta a um médico, num asilo de loucos. Pediram que eu esperasse pela resposta numa sala de visitas onde encontrei uma velhinha muito simpática, tomando um copo de leite. Ela puxou prosa comigo, fazendo alguns comentários bastante banais. De repente ela debruçou-se para frente e perguntou: É sua a criança que está enterrada nesta lareira? Em seguida sacudiu a cabeça e concluiu: Doze e dez em ponto! Sempre a mesma coisa a esta hora. Faça de conta que não percebe o sangue. O que mais me apavorou foi o tom natural do comentário!
— E tinha mesmo uma criança enterrada na lareira? — perguntou Poppy.
David fingiu não ouvir.
— Veja as médiuns, por exemplo. Passam do transe, em salas escuras, batidas na mesa, transformando-se em senhoras distintas, arrumadas que ouvem novela, cozinham para os maridos.
— Então, para você as bruxas — disse eu — seriam três velhas escocesas que praticam suas seitas em segredo, murmurando maldições em torno de um caldeirão, conjurando espíritos, mas aparentando ser boas donas de casa. Acho que poderia causar um bom efeito!

O clube do livro é aberto a todos e você pode se registrar acessando o formulário disponível no link na bio. Para quem preferir ler a obra em tradução, recomendamos a edição da HarperCollins Brasil.

Ao informar seus dados no nosso formulário, você fica automaticamente inscrito na próxima reunião, que acontecerá por videoconferência no Jitsi Meet no dia 24 de setembro às 18h15. No dia do encontro, enviaremos o link de acesso à sala no Jitsi por e-mail.

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Professora na UERJ | Website

Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.

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