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Cartas de T. S. Eliot para Emily Hale são divulgadas após 60 anosLeitura em 3 minutos

T. S. Eliot e Emily Hale

Com informações do The Guardian.

Uma coleção de mais de 1.000 cartas escritas pelo poeta e crítico literário T.S. Eliot para sua confidente e “musa” Emily Hale foi disponibilizada para o público na semana passada, depois de ter sido mantida em caixas seladas em uma biblioteca universitária estadunidense por 60 anos.

Segundo o The Guardian, o lote de correspondências promete oferecer uma nova perspectiva sobre a vida e a obra do poeta e sobre a extensão de seu relacionamento com Hale, uma fonte de especulação há décadas.

As 1.131 cartas, que datam de 1930 a 1956, foram doadas por Hale à Biblioteca da Universidade de Princeton há mais de 60 anos, com a estipulação de que permanecessem seladas até 50 anos após a morte de Eliot, ou a dela, a que ocorresse por último. Ele morreu em 1965 e ela em 1969.

Os dois se conheceram em Cambridge, Massachusetts, em 1912, quando Eliot frequentou Harvard. Eles se reaproximaram em 1927, época em que Eliot já havia se mudado para a Inglaterra. Ele se correspondia frequentemente com Hale, que era de Boston e lecionou teatro em universidades americanas como a Scripps College, na Califórnia.

Eliot ordenou que as cartas de Hale para ele fossem queimadas, segundo biógrafos.

“Acho que este talvez seja o evento literário da década”, disse à Associated Press Anthony Cuda, pesquisador de Eliot e diretor da TS Eliot International Summer School. “Não sei de nada mais esperado ou significativo. É importante a divulgação dessas cartas.”

O relacionamento “deve ter sido incrivelmente importante e a correspondência deve ter sido notavelmente íntima para ele se preocupar tanto com a publicação”, acrescentou.

Eliot nasceu em St Louis, Missouri, em 1888. Suas obras mais conhecidas incluem The Waste Land, The Hollow Men e Four Quartets.

Suas cartas para Hale começaram após o fim de seu primeiro casamento com  Vivienne Haigh-Wood. Os estudiosos apontam para o primeiro poema da série Quartets – intitulado “Burnt Norton” em homenagem a uma casa na Inglaterra na qual Eliot visitou Hale – como significativo por causa de versos que sugerem oportunidades perdidas e o que poderia ter sido. Eliot se casou com sua segunda esposa, Valerie Fletcher, em 1957.

A pesquisadora de Eliot Frances Dickey, uma das editoras de The Complete Prose of TS Eliot, disse que o poeta se envergonhava do primeiro casamento. “As cartas poderiam revelar o quão próximos ele e Hale eram, e se eles chegaram a conspirar a possibilidade de se casarem”, segundo Dickey. “O que quer que Hale fosse”, ela disse, “ela era um elo com a vida que ele havia deixado para trás nos EUA”.

As 12 caixas, que incluem fotografias, lembranças e recortes, foram abertas pela equipe da Biblioteca da Universidade de Princeton em outubro para serem scaneadas para visualização digital na biblioteca a partir de 2 de janeiro.

Susan Stewart, professora de inglês em Princeton, que esteve presente durante a abertura das caixas, disse que dois bibliotecários seniores “ficaram atrás de uma mesa cheia de caixas de madeira com dois pares de tesouras de estanho.”

Ela acrescentou que o pouco que se sabia sobre a correspondência indicava que “Eliot escreveu livremente a Hale sobre suas predileções, seus colegas poetas e, acima de tudo, suas opiniões como leitor.”

Daniel Linke, chefe interino de coleções especiais da biblioteca, disse que leu-se muito pouco durante a abertura. Ele espera que estudiosos de todo o mundo viajem para Princeton nos próximos dias.

Publicado por

Marcela Santos Brigida
Professora na UERJ | Website

Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.

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