Literatura Inglesa Brasil

Buchi Emecheta é a autora de maio do Literatura Inglesa Brasil

A imagem em preto e branco apresenta Buchi Emecheta, que é a autora de maio do Literatura Inglesa Brasil.

Buchi Emecheta foi selecionada como autora do mês de maio de 2024 no Literatura Inglesa Brasil. No post de hoje, vamos falar um pouco sobre a carreira e o legado dessa gigante da literatura nigeriana. Nascida em Lagos em 1944, a escritora e socióloga Igbo explorou diversos gêneros e formas literárias, entre romances, livros infantis, contos e ensaios. Aqui no Brasil, obras como As alegrias da Maternidade (trad. Heloisa Jahn), Cidadã de Segunda Classe (trad. Heloisa Jahn) e No fundo do poço (trad. Julia Dantas) foram publicadas pela editora Dublinense.

Emecheta inicialmente foi privada de uma educação formal, sendo mantida em casa enquanto o irmão mais novo ia para a escola. No entanto, conseguiu convencer os pais a lhe enviarem a uma escola missionária só para meninas. O pai de Emecheta era um trabalhador ferroviário. Quando ela tinha 9 anos, ele faleceu devido a complicações de ferimentos de combate que sofreu na Birmânia durante a Segunda Guerra Mundial, para qual ele foi recrutado para defender os interesses dos “remanescentes do Império Britânico”. Um ano depois, Emecheta recebeu uma bolsa integral para a Escola Metodista para Meninas de Yaba, Lagos, onde permaneceu até os 16 anos. Nesse período, sua mãe faleceu.

Buchi se casou muito cedo: aos 16 anos. Foi para acompanhar o marido, Sylvester Onwordi, que ela emigrou para Londres em 1962. Sua escrita reflete as dificuldades que enfrentou ao longo deste período, do racismo e xenofobia à violência doméstica. Onwordi viria a queimar o primeiro manuscrito da esposa, que perseverou em sua escrita. Os primeiros trabalhos de Emecheta foram publicados na revista New Statesman e posteriormente coletados no romance No fundo do poço, que saiu em 1972. Este trabalho foi seguido por Cidadã de segunda classe (1974).

Buchi Emecheta.
Nós somos capazes de falar porque você falou primeiro.
Obrigada pela sua coragem.
Obrigada pela sua arte.
Nodu na ndokwa.
Chimamanda Ngozi Adichie

Aos 22 anos, grávida do quinto filho, Emecheta deixou o marido. Enquanto trabalhava para sustentar as crianças por conta própria, ela concluiu uma graduação em Sociologia (1972) pela Universidade de Londres. Sobre este período, ela escreveria: “Quanto à minha sobrevivência nos últimos vinte anos na Inglaterra, desde quando eu tinha pouco mais de 20 anos, arrastando comigo quatro bebês resfriados o e grávida de um quinto – foi um milagre.” Ela prosseguiu com sua formação acadêmica, concluindo o doutorado em 1991.

Em The Rape of Shavi, de 1983, Emecheta explora a linguagem da sátira para explorar a realidade da colonização. Essa obra nos traz a maestria e criatividade da autora nigeriana que, por meio de suas palavras, consegue apresentar aos leitores do mundo todo sua visão de mundo e suas vivências. Seu filho, Sylvester Onwordi, em entrevista ao The Guardian conta que durante a conturbada infância de sua mãe, ela encontrou refúgio nos livros, que certamente transformaram sua vida.

Emecheta faleceu em Londres aos 72 anos, em 2017. Naquele ano, Sylvester anunciou o estabelecimento da Buchi Emecheta Foundation, uma fundação de caridade que promove projetos culturais e educacionais no Reino Unido e no continente africano. Esse gesto reflete outra faceta do legado da escritora, que colaborou com diversas instituições, como o Africa Centre e o Caine Prize for African Writing. Ela recebeu um OBE em 2005 pelos serviços prestados à literatura.

Por que não ler uma obra de Buchi Emecheta em maio?

Sair da versão mobile