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An American Marriage de Tayari Jones vence o Women’s Prize de 20193 min read

An American Marriage (lançado no Brasil como Um Casamento Americano), obra da escritora estadunidense Tayari Jones ganhou o Women’s Prize for Fiction ontem, em Londres. O romance, que retrata os efeitos devastadores que a prisão injusta de um jovem negro americano têm sobre o seu casamento, foi elogiado por Barack Obama e incluído por Oprah Winfrey em seu clube do livro.

Descrito pela presidente da comissão julgadora, Kate Williams, como um livro que “lança luz sobre a América de hoje”, o quarto romance de Tayari Jones, An American Marriage, ganhou o prêmio de £30.000 na noite desta quarta-feira, 5 de junho.

A vida do casal Celestial e Roy está apenas começando quando ele é condenado a 12 anos de prisão por um estupro que ele não cometeu. Celestial acredita em sua inocência, mas acaba se reaproximando de seu amigo de infância Andre até que cinco anos depois, a condenação de Roy é anulada e ele volta para casa.

O romance foi selecionado entre seis obras finalistas, que incluíam Milkman de Anna Burns, vencedor do Man Booker Prize no ano passado, The Silence of the Girls de Pat Barker, Circe de Madeline Miller, Ordinary People de Diana Evans e My Sister, the Serial Killer de Oyinkan Braithwaite. Williams disse que a comissão deliberou por quatro horas para tomar a decisão.

“É um exame incrível da vida americana e da América, com foco na intimidade de um casamento, mas sobre um imenso pano de fundo político”, disse ela. “A prosa é luminosa, marcante e profundamente tocante.”

Jones disse: “Estou emocionada e honrada. Eu não esperava ganhar. A lista de finalistas era muito forte e eu tive a honra de estar entre elas, mas não tinha ideia se venceria. Eu não escrevi um discurso!”

O encarceramento é o “bicho-papão da América negra”, acrescentou ela. “Eu decidi olhar debaixo da cama e atacá-lo de frente.”

Com sua vitória coincidindo com a viagem de Donald Trump ao Reino Unido, Jones disse que não desejava que o presidente lesse seu romance: “Estou muito contente que Obama tenha lido o meu livro e estou muito satisfeita por ter tido um presidente que lia livros e os recomendava, que se importava com o passado e a história, que usava esses elementos para nos guiar para o futuro. Não tenho real esperança ou desejo de que o atual ocupante da Casa Branca leia meu livro.”

Sobre as obras finalistas, Williams declarou: “Todos os romances finalistas falam claramente sobre as vidas das mulheres de diferentes maneiras, sobre opressão e identidade e sobre tentar ser livre em um regime que não quer que você o seja.”

Jones, romancista e professora de escrita criativa que mora no Brooklyn, disse ter encontrado inspiração em uma discussão que ouviu enquanto fazia pesquisa em Harvard sobre encarceramento em massa.

“A mulher, que estava esplendidamente bem vestida, e o homem – ele estava bem. Mas ela estava ótima! E ela disse a ele: “Você sabe que não teria me esperado por sete anos.” E ele respondeu: “Essa droga não teria acontecido com você, para começo de conversa”, disse Jones à Paris Review no ano passado. “E eu pensei: ‘sabe, eu não o conheço, mas sei que ela provavelmente está certa. Duvido muito seriamente que ele a esperaria por sete anos, e ele provavelmente está certo de que isso não teria acontecido com ela…’ Fiquei intrigada com eles, e por isso integrei esse conflito muito pessoal à pesquisa que tinha feito.”

Women’s Prize for Fiction foi criado em 1992 como reação ao fato de nenhuma autora ter sido indicada ao Booker Prize no ano anterior. O primeiro prêmio foi entregue em 1996 à saudosa Helen Dunmore. A instituição foi patrocinada pela Orange até 2012, pela Baileys até 2017 e atualmente recebe apoio financeiro de uma série de marcas, além de receber doações individuais entre £1,000 e £5,000 em um novo esquema de patronagem.

Publicado por

Marcela Santos Brigida
Professora na UERJ | Website

Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.

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