O especialista na obra de J.R.R. Tolkien Tom Shippey, que está trabalhando na próxima adaptação multi-série da Amazon de O Senhor dos Anéis, alegou que a produtora não recebeu permissão do espólio do autor para usar uma parte considerável do enredo da obra.
Em novembro de 2017, a Amazon bateu a Netflix e fechou um contrato de US$ 250 milhões com o espólio de Tolkien, com a HarperCollins e com a Warner Bros. para adquirir os direitos de O Senhor dos Anéis. A gigante do streaming está investindo cerca de US$ 1 bilhão na adaptação. Embora poucos detalhes tenham sido oferecidos à época do anúncio da produção, Sharon Tal Yguado, chefe de programação da Amazon, prometeu “uma nova jornada épica na Terra Média”.
Shippey, que está supervisionando o desenvolvimento da série, disse ao fansite Deutsche Tolkien que o espólio se recusou a permitir que a série se passe em qualquer outro período que não a Segunda Era da Terra Média. Isso significa que a adaptação da Amazon não vai retratar nenhum dos eventos da Terceira Era, dramatizados na trilogia vencedora do Oscar de Peter Jackson, na qual o hobbit Frodo Baggins entra em uma jornada para destruir o Um Anel.
Abrangendo 3.441 anos, a Segunda Era começa após o banimento de Morgoth e termina com o primeiro desaparecimento de Sauron, o servo de Morgoth e o principal vilão em O Senhor dos Anéis, através de uma aliança entre elfos e homens.
Shippey disse que a Amazon “está relativamente livre” para adicionar informações, já que Tolkien não apresentou todos os detalhes da Segunda Era em seus apêndices ou nos Contos Inacabados, uma coleção de histórias publicadas postumamente em 1980. Mas Shippey disse que isso é “como andar em um campo minado – você tem que pisar com muito cuidado”, dizendo que “o espólio de Tolkien insiste que a forma principal da Segunda Era não seja alterada”. Sauron invade Eriador, é forçado a recuar por uma expedição númenoriana e retorna a Numenor. Lá ele corrompe os númenorianos e os convence a romper o banimento dos Valar. O curso da história deve permanecer inalterado.
“Mas é possível adicionar novos personagens e fazer muitas perguntas, como: O que Sauron fez nesse meio tempo? Onde ele estava depois que Morgoth foi derrotado? Teoricamente, a Amazon pode responder a essas perguntas inventando as respostas, já que Tolkien não as descreveu. Mas isso não pode contradizer nada que Tolkien tenha dito. É a isso que a Amazon precisa ficar atenta. Deve ser uma história fiel ao cânone, é impossível mudar os limites que Tolkien criou. A história precisa permanecer ‘tolkieniana’.”
Procurado pelo The Guardian, o espólio de Tolkien se recusou a confirmar ou negar a afirmação de Shippey.
Estima-se que a produção da série O Senhor dos Anéis da Amazon se inicie em 2020. A data oficial de lançamento ainda não foi anunciada, mas Shippey revelou que serão 22 episódios.
Com informações do The Guardian.