A poeta Alice Oswald foi nomeada Oxford Professor of Poetry na última sexta-feira, dia 21 de junho. Ela será a primeira mulher a desempenhar a função, estabelecida em 1708. O resultado da eleição foi divulgado no site oficial da Universidade de Oxford.
Oswald recebeu 1.046 votos, seguida por Andrew McMillan com 210 e Todd Swift com 58, foi informado.
A publicação no site da universidade também citou a professora Ros Ballaster, presidente do Conselho da English Faculty of Oxford, que disse: “A poesia desempenha um papel importante em nossas universidades e na sociedade. É um lugar para reflexão na linguagem e sobre a linguagem. Tenho o prazer de dar as boas-vindas à 46a Professor of Poetry at Oxford ao corpo docente, confiante de que esta nova voz irá desafiar e empolgar o público como os antecessores fizeram”.
“A eleição de Alice Oswald também marca a posse da primeira mulher neste cargo. Para adotar as palavras da sua própria poesia, é a realização de um longo processo de equilibrar ‘o peso da esperança contra a luz da paciência’1. Ela possui um talento marcante e ressonante e nós nos consideramos privilegiados em recebê-la pelos próximos quatro anos. Sabemos que ela fomentará com sabedoria e generosidade o talento de outras pessoas em Oxford e além.”
Um novo Oxford Professor of Poetry é eleito a cada quatro anos, e suas responsabilidades incluem oferecer uma palestra pública a cada período, bem como uma fala na cerimônia de graduação honorária da universidade a cada dois anos.
A votação foi aberta a membros do Convocation, um grupo que inclui graduados em Oxford e membros de funcionários que compõem o “parlamento” da Universidade, conhecido como Congregation.
Em entrevista publicada pelo The Guardian, Oswald disse que depois de um “processo distintamente perturbador” ela ficou “muito satisfeita, espantada e grata” àqueles que a indicaram.
Nascida em 1966, Alice Oswald estudou literatura clássica em Oxford, trabalhando como jardineira paralelamente à sua carreira como poeta. Seu livro de estreia, The Thing in the Gap-Stone Stile, ganhou o prêmio de primeira coleção da Forward em 1996, e seu poema Dart lhe rendeu o prêmio TS Eliot em 2002. Ela fez uma parceria com a ilustradora Jessica Greenman em Weeds and Wild Flowers, que ganhou o Ted Hughes Prize em 2010.
Em 2011, publicou uma releitura da Ilíada intitulada Memorial. Naquele ano, retirou-se do prêmio TS Eliot em protesto contra a empresa de gestão de investimentos privados que patrocinou a premiação. Em 2016, levou o Costa Award e o Griffin pela coleção de poemas Falling Awake.
O ex-poeta laureado Andrew Motion, que foi uma das 167 pessoas que votaram em Oswald, declarou-se “extremamente satisfeito”.
“Satisfeito porque ela é uma das melhores poetas ativas no momento e merece a honra da posição, porque já estava mais do que na hora desse posto ser ocupado por uma mulher, e porque ela tem ideias interessantes e enérgicas para a função.”
Desde que foi fundada em 1708, a cadeira de Oxford Professor of Poetry já foi ocupada por nomes como Seamus Heaney, Robert Graves e WH Auden. Os candidatos devem obter ao menos 50 votos e possuir “distinção suficiente para cumprir os deveres do cargo”.
A gestão de Alice Oswald
Oswald declarou ter interesse em organizar “Extreme Poetry Events”, incluindo maratonas de leitura, um festival de traduções e um circo de poemas baseado no Musicircus de John Cage. Ela também tem interesse na valorização da spoken word poetry e formas não-convencionais de publicação:
“Não vejo razão por que os poemas do Instagram não seriam tão recompensadores quanto os poemas concretos ou os poemas visuais do chinês clássico e gostaria de ter a chance de convidar jovens poetas para participar de discussões sobre o que a poesia foi e está se tornando.”
Alice Oswald será a sucessora de Simon Armitage, – o novo Poeta Laureado do Reino Unido – assumindo o cargo em 1º de outubro de 2019.
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Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.