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Lady Chatterley’s Lover inspira projeto de financiamento coletivo3 min read

Exemplar raro e anotado de Lady Chatterley's Lover usado no julgamento de 1960.

Após a divulgação da notícia de que uma barreira de exportação foi temporariamente imposta ao exemplar de Lady Chatterley’s Lover de DH Lawrence usado durante o julgamento de obscenidade da obra em 1960, leitores, escritores e editores se uniram para manter o livro no Reino Unido, reportou o The Guardian.

O exemplar anotado (pela esposa do magistrado) foi vendido a um comprador não-britânico no ano passado pela Sotheby’s pelo considerável valor de £56,250. No entanto, na semana passada, o ministro das artes Michael Ellis impôs uma barreira de exportação temporária ao livro, na esperança de que um comprador do Reino Unido pudesse igualar o valor pedido.

Subsequentemente, o English PEN lançou um apelo de financiamento coletivo a fim de arrecadar fundos para manter o livro no país. Desde então, uma série de doações já foram contabilizadas: a Penguin Books (editora original da obra) contribuiu com £10.000, enquanto o espólio de TS Eliot apoiou a iniciativa com £5.000. Em uma carta de 1960, Eliot escreveu: “não considero Lady Chatterley’s Lover obsceno, e eu considero sua supressão algo deplorável”. Individualmente, escritores e leitores também têm contribuído com quantias menores.

Rebecca Sinclair, da Penguin, disse que a editora ficou contente ao fazer sua doação. “A publicação de Lady Chatterley’s Lover e a defesa legal do livro foram momentos importantes na história da Penguin de defesa da liberdade de expressão e também foi algo definidor para o panorama cultural mais amplo do Reino Unido”, disse ela.

O pesquisador Alastair Niven também contribuiu com o projeto. Ele já escreveu dois livros sobre DH Lawrence: “Ele me serviu bem e o mínimo que posso fazer agora é ajudar em sua hora de necessidade.”

Outro doador disse que fez a contribuição “pela minha mãe, que era vendedora de livros na época, e que recentemente me contou a história de como mantinha [exemplares] seguros em um quarto dos fundos enquanto aguardava o veredicto para que pudesse levá-los de volta para a livraria (ou não)”.

Um terceiro participante do projeto disse que estava doando pela sua irmã, “que trouxe este livro para casa secretamente em meados dos anos 60 e, sem saber, me apresentou aos prazeres de DH Lawrence”.

“DH Lawrence era um membro ativo do English PEN e um autor único nos anais da história literária inglesa”, disse o presidente do English PEN Philippe Sands. “Lady Chatterley’s Lover esteve no centro da luta pela liberdade de expressão, nos tribunais e além. Esta cópia rara do livro, usada e marcada pelo juiz, deve permanecer no Reino Unido, acessível ao público britânico para ajudar a entender o que é perdido sem a liberdade de expressão. O lugar deste texto único é aqui, um símbolo da luta contínua para proteger os direitos dos escritores e leitores em seu próprio país e no exterior.”

Publicado por

Marcela Santos Brigida
Professora na UERJ | Website

Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.

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