Literatura do Início da Modernidade / Elisabetana
Em março, a Manchester University Press publicou The art of The Faerie Queene de Richard Danson. Integrante da série The Manchester Spenser, esta obra “oferece uma visão geral concisa de como os elisabetanos pensaram e experimentaram com a forma poética”, além de “contribuir de forma genuína para os estudos de Spenser, particularmente na compreensão de suas formas e das maneiras como elas contribuem para o significado”. O site da OUP defende, ainda, que a obra em questão colabora “de forma genuína para o estudo formal da poesia em virtude de sua atenção constante ao idioma spenseriano”.
Também em março, a Oxford University Press publicou o interessante Oxford Handbook of Shakespeare and Dance. Editado por Lynsey McCulloch e Brandon Shaw, este volume promove a colaboração entre pesquisa literária e dança explorando “o uso que Shakespeare fazia da dança como dispositivo teatral e referência temática”, incluindo “discussões sobre raça, sexualidade e política contemporânea”.
Literature and Nature in the English Renaissance An Ecocritical Anthology foi publicado em abril de 2019 pela Cambridge University Press. Editado por Todd Andrew Borlik da University of Huddersfield, o livro se propõe a oferecer “um guia de campo acessível do meio ambiente da Inglaterra renascentista, revelando uma nação em uma encruzilhada entre sua herança pastoral e o futuro industrializado. Fontes primárias cuidadosamente selecionadas, cada qual modernizada e prefaciada com uma introdução, examinam um conjunto enciclopédico de topografias, espécies e tópicos: da astrologia à zoologia, bear-baiting à apicultura, mineração de carvão à plantação de árvores, drenagem de pântanos à criação de ovelhas.”
“As conhecidas vozes de Spenser, Shakespeare, Jonson e Marvell misturam-se a um coro diverso de agricultores, herboristas, pastores, caçadores, silvicultores, filósofos, marinheiros, observadores do céu e duquesas, bem como animais ventríloquos, árvores e rios. Ricamente ilustrada, a antologia conta com o suporte de uma introdução lúcida que delineia e intervém nos principais debates da ecocrítica renascentista, um ensaio reflexivo sobre a edição, uma bibliografia de leitura complementar e uma linha do tempo da história e legislação ambiental baseada em uma extensa pesquisa em arquivos.”
William Blake
O primeiro semestre de 2019 está sendo um período interessante para leitores e pesquisadores de William Blake. De janeiro para cá, já foram publicados três livros abordando o autor.
Em fevereiro, foi publicada uma coletânea de obras do autor editada por Peter Otto. William Blake: Selected Works saiu pela Oxford e integra a série 21st Century Oxford Authors.
O volume traz 120 ilustrações de Blake, uma seleção de cartas, manuscritos, panfletos, marginalia do autor e cronologia. As anotações e comentários foram incluídos no final do livro, para que “os estudantes possam se encontrar com os textos originais de forma mais livre”.
Em abril, a Oxford publicou uma nova seleção de poemas de Blake na sua série Oxford World’s Classics. William Blake: Selected Poems foi editado por Nicholas Shrimpton e traz uma “introdução e notas explicatórias [que] consideram estudos acadêmicos contemporâneos sobre Blake, a posição do autor como um dos poetas mais relevantes da literatura inglesa, sua juvenilia e os diferentes gêneros da sua obra”.
Em março, a Cambridge University Press também lançou um volume blakeano. Editado por Sarah Haggarty, William Blake in Context “combina leituras e análises detalhadas de uma série de obras de Blake” numa extensa coleção de 38 ensaios que “examinam o que Blake tinha em comum com seus contemporâneos, os escritores que o influenciaram, e aqueles que ele, por sua vez, influenciou. Capítulos escritos por uma equipe internacional de pesquisadores de destaque também abordam seus contextos mais amplos: materiais, formais, culturais e históricos, para enriquecer nossa compreensão e engajamento com a obra de Blake.”
Literatura Vitoriana
Saiu em fevereiro em formatos físico e digital o livro Bram Stoker and the Late Victorian World. Editado por Matthew Gibson e Sabine Lenore Müller, o volume foi publicado numa parceria da Clemson University Press com a Liverpool University Press. O site da OUP anuncia que o livro “oferece ênfases completamente novas na crítica de Stoker, tal como a atitude do autor em relação à pintura, à lei e à ecologia”. O volume traz, ainda, 12 ilustrações em preto e branco, incluindo pinturas e desenhos e novo material manuscrito.
Em março, a Cambridge University Press publicou o seu Cambridge Companion to Victorian Women’s Poetry. Editado por Linda K. Hughes da Texas Christian University, o volume destaca a atuação maciça de poetas mulheres durante o período vitoriano: “grandes pesquisadores apresentam ensaios acessíveis e contemporâneos, que situam a poesia das mulheres vitorianas em sua relação com a cultura impressa, identidades diversas e questões estéticas e culturais.”
“O livro é inclusivo no seu método, demonstrando, por exemplo, os benefícios de abordagens de close e distant reading, e apresentando figuras importantes como Elizabeth Barrett Browning e Christina Rossetti e mais de cem poetas no total. Organizados tematicamente, os capítulos apresentam estudos sobre uma ampla gama de assuntos que abordam a poesia feminina em suas formas múltiplas e investigam seu contexto global. Os ensaios lançam luz sobre poesia infantil, relações domésticas, sexualidades e artifício estilístico e concluem observando como as poetas lidavam com seus poemas publicados e como podemos ‘situar’ as poetas mulheres vitorianas hoje em dia.”
Literatura do século XX em diante
Em abril, a Cambridge University Press publicou A History of 1930s British Literature. Editado por Benjamin Kohlmann (Albert-Ludwigs-Universität Freiburg, Alemanha) e Matthew Taunton (University of East Anglia), este volume se compromete a oferecer “um novo e abrangente retrato da literatura britânica dos anos 1930. Os anos 1930 têm sido frequentemente retratados como uma anomalia histórico-literária, seja como uma ‘década baixa e desonesta’, um experimento condenado que combinou arte e política, ou como um rescaldo ‘modernista tardio’ do intenso período de experimentação artística da década de 1920.”
Na apresentação do livro em seu site, a CUP anuncia que em oposição a essas ideias, “os pesquisadores que contribuíram para este volume exploram os contornos dos ‘longos anos 1930’, reposicionando a década e suas preocupações características no coração da história literária do século XX. Este livro expande a gama de escritores abordados, indo além do foco estreito em figuras canônicas imponentes para delinear um elenco mais diversificado de personagens, em termos de raça, gênero, classe e formas de expressão artística.”
“As quatro seções do livro enfatizam as identidades geográficas e sexuais características da década; as novas paisagens de mídia e configurações institucionais em que seus escritores operaram; questões de comprometimento e autonomia; e os envolvimentos internacionais da escrita britânica.”
Em março, a Edinburgh University Press publicou British Avant-Garde Fiction of the 1960s. Editado por Kaye Mitchell e Nonia Williams, o livro “fornece análises críticas muito necessárias sobre o trabalho dos escritores de vanguarda dos anos 60”, além de oferecer “ensaios focados – cada um apresenta um autor em seus contextos culturais / críticos / históricos – por especialistas da área” e “recupera uma década perdida na literatura britânica e, assim, preenche uma lacuna vital na história literária, entre o modernismo tardio e o início do pós-modernismo.”
Também em março, a Cambridge University Press publicou Climate Change and the Contemporary Novel. Editado por Adeline Johns-Putra da University of Surrey, o livro explora a ascensão das mudanças climáticas enquanto tema para o romance contemporâneo, “já que autores refletem preocupações da sociedade em geral”.
“Dada a urgência e enormidade do problema, a literatura (e a resposta emocional que ela provoca) pode desempenhar um papel na resposta às complexas questões éticas que surgem por causa da mudança climática? Este livro mostra que as técnicas ficcionais convencionais não devem ser desconsideradas inadequadas às exigências das mudanças climáticas; na realidade, a ficção tem o potencial de nos desafiar, emocional e eticamente, a reconsiderar nossa relação com o futuro. Adeline Johns-Putra focaliza o tema dominante da ética intergeracional no romance contemporâneo: isto é, a ideia da nossa obrigação com as gerações futuras como base para a ação ambiental. Em vez de simplesmente apresentar a paternidade e a posteridade em termos sentimentais, o romance sobre mudanças climáticas usa seu apelo emocional para criticar seu antropocentrismo e políticas identitárias, oferecendo alternativas radicais.”
Em breve, divulgaremos uma nova seleção de obras acadêmicas sendo publicadas em 2019!
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Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.