O lendário compositor e guitarrista da banda inglesa The Who, Pete Townshend anunciou que publicará em novembro seu primeiro romance, intitulado The Age of Anxiety. Embora esta vá ser a primeira ocasião que o compositor publica um livro deste gênero, não é sua primeira publicação como escritor, sendo precedida pela coleção de contos Horse’s Neck, de 1985. Seu álbum solo Psychoderelict (1993) também foi influenciado por um romance que nunca publicou, intitulado Ray High and the Glass Household.
As conexões de Pete Townshend com o mercado editorial também vêm de longa data. Em 1977, ele fundou seu próprio selo, Eel Pie Publishing. Além disso, o compositor abriu uma livraria chamada Magic Bus em Richmond, que continua funcionando no local sob o nome Open Book. Em 1983, Townshend começou a trabalhar como editor na Faber & Faber, atuando na publicação de vários livros musicais, como o lyric book de Brian Eno, More Dark Than Shark. Também neste período, ele se tornou amigo de William Golding e Ted Hughes.
Durante o anúncio The Age of Anxiety, Townshend disse que decidiu há dez anos “criar uma magnum opus que combinasse ópera, uma instalação artística e um romance”. O livro foi concluído e foi adquirido pelo selo Coronet da Hodder & Stoughton. Os outros dois projetos também já estão sendo desenvolvidos.
Em entrevista ao The Guardian, o artista declarou:
“Eu sou um leitor ávido e gostei muito de escrever esse livro. Também fico feliz em anunciar que a maior parte da música já foi composta e está pronta para ser polida para o lançamento e apresentações ao vivo. Estou imensamente empolgado”.
Mark Booth, editor da Coronet, descreveu o livro de Townshend como “um grande romance do rock”, com um narrator que é “uma criação brilhante – culto, perspicaz e não-confiável”.
Para o editor, o romance “captura a loucura da indústria musical e demonstra o senso de humor astuto e o ouvido afiado para o diálogo do autor”. Booth acrescentou que “concebido inicialmente como uma ópera, The Age of Anxiety lida com temas míticos e operáticos incluindo um labirinto, loucura divina e crianças perdidas”:
“Alucinações e paisagens sonoras assombram esse romance, que em certo nível é uma longa meditação sobre genialidade maníaca e a arte sombria da criatividade.”
Após as óperas-rock Tommy (1969) e Quadrophenia (1973) 1 lançadas como álbuns do The Who e posteriormente adaptadas para outros formatos, é interessante ver o compositor produzindo um projeto que atravessa formatos e encontra na ópera uma das suas expressões. Ele também trabalha atualmente com os colegas do The Who no primeiro álbum de inéditas da banda em 13 anos.
Ainda não foi anunciada uma possível data para o lançamento de The Age of Anxiety no Brasil, mas esperamos que em breve alguma editora adquira os direitos de tradução da obra.
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Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.