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Penny Dreadfuls

"Nós vivemos em tempos góticos", declarou a escritora britânica Angela Carter em 1974. A incrível longevidade da poética gótica, consolidada na Inglaterra no final do século XVIII, invocada por Carter no século XX, nos leva a considerar que, talvez, os tempos góticos nunca tenham nos deixado de fato. Com histórias preenchidas por uma atmosfera de medo e ansiedade, escândalos e crises políticas e ameaça de invasão e desmoronamento social, o gótico parece incorporar um ouroboros, em constante evolução e movimento, destruição e renovação. De castelos em ruínas a casarões vitorianos a naves espaciais e outros planetas, assim como os monstros que povoam as suas ficções, a poética gótica parece tornar-se, ela mesma, monstruosa: tão infamiliar como o conceito freudiano, ela dá permissão para que os nossos monstros sempre retornem e nos assombrem, trazendo consigo a instabilidade da constante condição da mutabilidade humana. Nessa coluna, Penny Dreadfuls, tomando emprestado o nome de um tipo de ficção seriada de baixo custo e extremo sucesso do século XIX, convidamos vocês a mergulharem nas mais diferentes versões do gótico, nas suas perspectivas críticas do mundo e nas suas tranformações ao longo do tempo.

Colunista

Paula Pope Ramos é doutoranda em Literaturas de Língua Inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e bolsista CAPES. Sua pesquisa se debruça sobre a figuração da mulher vingativa na poética gótica do século XIX inglês, perpassando a ligação entre mulher e monstro, monstruosidade e gênero. No mestrado (UERJ, 2021), pesquisou a dessexualização da personagem Victoria di Loredani no romance gótico Zofloya, or the Moor (Charlotte Dacre, 1806). É licenciada em Letras/Inglês (UFRRJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2022-2023). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, com especial interesse na poética gótica e suas reflexões sobre gênero, corpo feminino, monstrousidade e sexualidade.

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