Amanhecemos hoje com a triste notícia de que Judith Kerr, a imensamente popular autora de The Tiger Who Came to Tea (traduzido para o português como O Tigre que Veio para o Chá), faleceu ontem, dia 22, aos 95 anos de idade. A HarperCollins anunciou o falecimento pelo Twitter, compartilhando a informação de que a autora faleceu em casa nesta quarta-feira após “uma breve doença”.
Sua editora na HarperCollins, Ann-Janine Murtagh declarou que foi “uma imensa honra” trabalhar com Kerr, uma pessoa que “abraçava a vida como uma grande aventura e que aproveitava cada dia ao máximo”.
It is with much sadness that we confirm the death of our beloved author and illustrator, Judith Kerr OBE. https://t.co/mMzIZiW8YR (picture copyright Eliz Huseyin, 2013) pic.twitter.com/8YA7pXZkRr
— HarperCollinsUK (@HarperCollinsUK) May 23, 2019
Escritora e ilustradora de mais de 30 livros e ainda em plena atividade até sua morte, Kerr nasceu em 1923. Seus pais eram membros reconhecidos da comunidade intelectual de Berlin no período entre guerras. Seu pai, Alfred, era um respeitado crítico teatral e colunista de jornal. Já sua mãe, Julia, era uma compositora famosa. Por ser não apenas judeu, mas também um grande crítico do partido nazista, Alfred Kerr se tornou uma pessoa altamente visada após a ascensão de Hitler.
Judith chegou à Inglaterra no ano de 1936, aos 13 anos, como refugiada do regime nazista. A fuga dos Kerr contou com a ajuda de um policial alemão que avisou Alfred que a família corria riscos. Eles deixaram o país em 1933, passando pela Suíça e pela França antes de se estabelecerem de forma definitiva em Londres, onde Judith viveu até sua morte.
The Tiger Who Came to Tea, publicado originalmente em 1968, segue sendo amplamente utilizado em pré-escolas e é lembrado com carinho por milhares de crianças e adultos em todo o mundo. Kerr criou o personagem originalmente para divertir seus dois filhos. Embora já tivesse trabalhado como ilustradora na sua juventude, ela publicou sua primeira obra somente após os 40 anos. Kerr permaneceu ativa até o fim da sua vida, numa carreira que se estendeu ao longo de cinco décadas.
Tiger alcançou sua milionésima venda em 2017, quando a autora já tinha 94 anos. Entrevistada na época, ela comentou de forma espirituosa: “Minhas ilustrações melhoraram desde então, obviamente”. Em entrevista recente ao The Observer, a escritora declarou que seu maior medo era perder a capacidade de trabalhar.
Entre suas obras mais celebradas está a série Mog, inspirada em gatos de estimação da sua família, publicada entre 1970 e 2002. Já a trilogia infanto-juvenil Out of the Hitler Time, cuja obra mais famosa é When Hitler Stole Pink Rabbit, foi inspirada em eventos que se desenrolaram durante a fuga da sua família da Alemanha hitlerista.
Na semana passada, Kerr foi nomeada a ilustradora do ano nos British Books Awards. Apesar de a autora não ter comparecido à cerimônia, sua editora disse que ela ficou “absolutamente encantada” ao receber a notícia. Um livro inédito, The Curse of the School Rabbit, descrito pela HarperCollins como “uma história hilária sobre um garoto, um coelho e muito azar” vai ser publicado em junho.
Por muito tempo, Kerr manteve todas as suas ilustrações originais em seu escritório em Londres. No entanto, seu arquivo é agora mantido no Seven Stories Centre para livros infantis em Newcastle-upon-Tyne. O acervo inclui, ainda, desenhos criados na infância da autora que foram recuperados em Berlin por sua mãe.