Devido às medidas de distanciamento social, festivais literários vêm sendo cancelados ou adiados em todo o mundo desde o início do ano. Alguns organizadores, no entanto, preferiram buscar soluções digitais para garantir a realização dos eventos.
É importante lembrar que além de produzir conversas e pensamento sobre literatura, esses festivais também oferecem espaço para novos autores divulgarem suas obras e permitem que os visitantes entrem em contato com vozes com as quais ainda não haviam se deparado.
Neste sentido, os cancelamentos representam parte do impacto sofrido por editoras, autores e livrarias por decorrência da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Com o fechamento de livrarias, cancelamentos de book tours e queda expressiva no faturamento, o mercado editorial em países como o Reino Unido vem tentando se reinventar em face da maior crise de uma geração.
No Reino Unido, o Hay Festival, que tradicionalmente é realizado em Hay-on-Wye no País de Gales, manteve suas datas originais, mas oferecerá as conferências do evento em um ambiente virtual acessível de qualquer parte do mundo, de forma gratuita. Como eu discuti recentemente neste vídeo, os festivais que optaram por um formato online durante a pandemia não têm cobrado taxas de admissão, contando com a solidariedade dos visitantes e pedindo que, aqueles que tiverem condições, contribuam com a manutenção do evento. No entanto, caso o distanciamento social se prolongue e uma migração para este formato se mostre necessária a longo prazo, é provável que os organizadores precisem optar pela cobrança de taxas de admissão, ainda que pratiquem preços mais baixos do que aqueles observados em eventos presenciais.
Para além disso, o esforço digital do Hay Festival sinaliza para a possibilidade de que, ainda após um retorno à normalidade, as vantagens da participação remota em eventos literários incentivem organizadores a expandirem o alcance de seus eventos.
Por enquanto, vale a pena participar do Hay Festival, que acontece de 18 a 31 de maio de 2020. Você pode reservar o seu lugar em cada evento de forma gratuita a partir da plataforma Crowdcast.
A programação os romancistas Hilary Mantel, Anne Enright, Elif Shafak, Roddy Doyle, Leila Slimani, Ingrid Persaud, Polly Samson, Ali Smith, Maggie O’Farrell e Jessie Burton; os poetas Mererid Hopwood, Simon Armitage, Margaret Atwood e Inua Ellams; os economistas Esther Duflo, Paul Krugman e Tim Harford; os especialistas em ciência e saúde pública Devi Sridhar, Sally Davies, Daniel Davis, Jim Al-Khalili, Adam Rutherford, Naomi Oreskes e James Peebles; os advogados Miriam Gonzalez Durantez e Philippe Sands; os acadêmicos Jonathan Bate, James Shapiro e Daniel Susskind; as ativistas Tori Amos, Gloria Steinem, Christiana Figueres e Dara McAnulty; os historiadores Rutger Bregman, Simon Schama, Bettany Hughes, Hallie Rubenhold e Greg Jenner; os jornalistas Lydia Cacho, Afua Hirsch, Jon Sopel e Kapka Kassabova; a diplomata americana Samantha Power; os filósofos Roman Krznaric, Paul Dolan e AC Grayling; o dançarino colombiano Fernando Montaño; os chefs Sami Tamimi, Tara Wigley e Yotam Ottolenghi; o apresentador de TV Monty Don.
Haverá leituras por atores e comediantes como Stephen Fry, Helena Bonham Carter, Dominic West, Sandi Toksvig, Benedict Cumberbatch, Helen McCrory, Tom Hollander, Toby Jones, Jonathan Pryce e Vanessa Redgrave.
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Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.
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