Nascida na cidade de Lexington em 1949, Gayl Jones é romancista, dramaturga, professora, crítica literária e poeta. Seus romances são uma nova avenida na literatura afro-americana: para Toni Morrison, Jones mudou a literatura das mulheres negras.
Gayl Jones nasceu e cresceu em uma casa sem banheiro interno, depois foi levada para estudar em Connecticut College. Mais tarde, ela se matriculou na Brown University, onde foi orientada pelo poeta estadunidense Michael Harper. Ela se casou em 1983 com Bob Higgins e após seu marido se envolver em um confronto com manifestantes em uma Parada LGBTQIA+, os dois resolveram fugir para a Europa. Na década de 1980, Jones retorna para os Estados Unidos, logo após a morte de seu pai. Higgins se torna alvo da polícia quando começa a enviar ameaças à University of Kentucky e, eventualmente, morre por suicídio depois que os policiais chegam à residência do casal. Depois dos trágicos acontecimentos, Gayl Jones decide se privar da vida pública.
Em 1974, o orientador de Jones, Harper enviou à amiga, Toni Morrison, uma caixa com escritos de Gayl Jones. Morrison não gostou nada disso. A autora relata, de acordo com o New York Times, que “toda vez que eu olhava para aquela caixa, meu coração apertava e eu me perguntava quem teria a audácia de me enviar “todo” o trabalho literário de uma estudante e esperar uma resposta plausível… A presença da caixa me intimidava e finalmente me coagiu”. Em um sábado, Morrison resolve abrir a caixa para fazer as devidas correções e teve uma grande surpresa. O que a autora lia era Corregidora, o primeiro romance escrito por Jones, que foi editado por Toni Morrison e publicado em 1975 pela editora Random House, onde Morrison trabalhava.
James Baldwin escreveu na sinopse de Corregidora que a autora é “a revelação mais brutalmente honesta e dolorosa que ocorreu e está ocorrendo com as almas dos homens e mulheres negros.”
Em entrevista para a Mademoiselle, Morrison disse:
Essa garota mudou os termos, as definições de toda a companhia. Fiquei tão impressionada que eu não tive tempo de ficar ofendida pelo fato de que ela tinha somente 24 anos e nenhum direito de saber tanto e tão bem. Ela escreveu uma história que pensava o impensável: que falava sobre aquela exigência feminina de criar gerações como um ato político e até menos violento.
Gayl Jones foi finalista do National Book Award por The Healing (1998) e também do Pulitzer Prize por Palmares (2021). O último lançamento da escritora foi em 2023 com Butter, uma coleção de contos e novelas que centram-se em identidades complexas, passando por cenários e estilos desde hiper-realistas até os místicos.