A família e o espólio de J.R.R. Tolkien se recusaram a endossar o filme Tolkien, dirigido por Dome Karukoski e estrelado por Nicholas Hoult. Eles emitiram uma declaração expressando o seu “desejo de deixar claro que eles não aprovaram, autorizaram ou participaram da realização deste filme”, e que “eles não endossam a produção ou seu conteúdo de formal alguma”, reportou o jornal The Guardian nesta terça-feira.
Um porta-voz do espólio explicou ao The Guadian que a declaração teve a função de deixar a posição deles clara desde já, em vez de anunciar ações legais futuras. O jornal reportou, ainda, que John Garth, autor da biografia Tolkien and the Great War, considerou esta resposta “sensata”:
“Os filmes biográficos geralmente fazem uso de uma considerável licença criativa ao retratar os fatos, e este não é exceção. O endosso da família Tolkien daria credibilidade a quaisquer divergências e distorções. Isso seria um desserviço à história. Como biógrafo, imagino que terei de me ocupar com a correção de concepções equivocadas decorrentes do filme. Espero que qualquer um que goste do filme e que esteja interessado nos anos formativos de Tolkien procure uma biografia confiável.”
Christopher Tolkien, filho do autor, já havia deixado claro o seu desgosto por outros filmes do gênero, dizendo ao Le Monde em 2012 que “Tolkien se tornou um monstro, devorado por sua própria popularidade e absorvido pelo absurdo de nosso tempo”, e que “a comercialização reduziu o impacto estético e filosófico da criação a nada”.
Tolkien estreia em maio, com Hoult como o autor de O Senhor dos Anéis e Lily Collins como sua esposa, Edith. O filme pretende explorar “os anos formativos da vida do autor renomado, mostrando a época em que ele encontrou amizade, coragem e inspiração num grupo de escritores e artistas da faculdade”. A obra de Karukoski promete revelar como “a irmandade deles se fortalece à medida em que eles amadurecem… até a eclosão da primeira guerra mundial, que ameaça destruir a sociedade”.
Em resposta à declaração do espólio e da família de Tolkien, a Fox Searchlight se manifestou em um comunicado, afirmando que a produção foi “respeitosa” e que eles têm “muito orgulho” do filme de Dome Karukoski, “que focaliza os primeiros anos da vida extraordinária de Tolkien e não aborda os temas dos seus romances.”
“Embora não tenhamos trabalhado com o espólio de Tolkien neste projeto, a equipe de produção do filme tem um grande respeito e admiração pelo Sr. Tolkien e pela sua contribuição fenomenal para a literatura.”
Peter Jackson, diretor dos filmes das séries O Hobbit e O Senhor dos Anéis, já havia declarado que achava improvável que mais filmes fossem produzidos porque eles não poderiam ser realizados sem a cooperação do espólio. No entanto, em 2017, eles venderam os direitos de uma nova série de TV de O Senhor dos Anéis para a Amazon, que pagou 250 milhões de dólares e venceu a Netflix nas negociações.
É esperado que a Amazon invista até 1 bilhão de dólares nas adaptações, que serão baseadas em “histórias inexploradas com base nos escritos originais de JRR Tolkien” e não apenas na narrativa de O Senhor dos Anéis.