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Clube do Livro: Filho Nativo de Richard Wright é a leitura de Fevereiro Leitura em 4 minutos

a imagem em preto e branco apresenta o autor norte-americano Richard Wright

Filho Nativo, clássico da literatura americana, será a leitura de fevereiro do Clube do Livro Fernanda Carvalho. A reunião será no dia 24/02, às 18h, via Google Meet.

Nascido em 1908 no Mississipi, estado do Sudeste estadunidense, Richard Wright foi um escritor e poeta de grande importância para a literatura norte-americana, especialmente no que tange à produção literária afro-americana e à condenação do racismo no país.

Neto de escravizados e filho de um meeiro, o escritor foi criado por sua mãe pela maior parte da sua juventude, após a família ter sido abandonada pelo patriarca quando Wright tinha apenas 5 anos. A vida de Wright foi marcada pela pobreza e o autor pôde estudar apenas até o primeiro ano do ensino médio, complementando seus estudos por meio de um interesse constante pela literatura e pela escrita. Ele trabalhou em diversos lugares antes de se mudar para áreas mais urbanizadas no norte do país, no que ficou conhecido como a Grande Migração. Essa mudança, além de proporcionar mais oportunidades econômicas, também foi muito significativa enquanto fuga da grande violência racial existente no sul do país, muito retratada em sua obra. O autor, após pouco tempo de trabalho em Chicago, conseguiu uma oportunidade de trabalhar com escrita por meio do Federal Writers Project e foi onde também se filiou ao Partido Comunista. Apesar de ter se desiludido com o partido mais tardiamente, os ideais da causa foram muito importantes para a sua formação enquanto um escritor que denunciava estruturas sociais opressivas. 

Wright teve como principais obras Filho Nativo (1940) e sua autobiografia Black Boy (1945), mas conseguiu a atenção do público com um volume de historietas intitulado Uncle Tom’s Children (1938). As suas obras, sendo ou não de ficção, foram muito importantes na retratação da violência proferida contra as pessoas negras, que tinham a sua humanidade negada por parte da branquitude americana. Apesar do sucesso adquirido com suas publicações, Wright encontrava-se profundamente incomodado pela situação ainda pungente do racismo no país, o que o levou a se mudar para Paris em 1946.

Publicado em 1940 e relançado pela Companhia das Letras em 2024, Filho Nativo é considerado uma das primeiras obras americanas de sucesso a pautar a divisão racial pela qual os Estados Unidos foram fundados. Como salientado pelo crítico Irving Howe (1960), “No dia em que Filho Nativo foi publicado, a cultura americana mudou para sempre”. Certamente, o romance mais do que se assentou no cânone da literatura afro-americana, tornando Richard Wright o escritor negro mais famoso do mundo: a obra, com sua própria visibilidade, deu seguimento a um debate internacional a respeito da condição humana interceptada pelos sistemas de dominação de classe, raça e gênero. A obra de Wright foi muito inspiradora para outros autores, como James Baldwin, que desdobrou e estendeu muitas das questões trabalhadas pelo seu mentor. 

Dividido em três atos, Filho Nativo apresenta um mundo de tensões sociais sobre o protagonista Bigger Thomas, filho mais velho de uma família pobre de um dos bairros negros de Chicago. A narrativa se inicia com a mãe de Bigger mandando-o arranjar um emprego na esperança de que eles vivam melhor. O jovem rapaz, forçado à sua realidade, costuma viver através dos desvios introspectivos que faz para esquecê-la: os filmes, as revistas, a vida social com seus amigos e os jogos, conversas e pequenos roubos que comete junto a eles. Emparedado por sua própria impotência, Bigger admite um pensamento que assombra o decorrer da história:

“Toda vez que eu começo a pensar sobre eu ser preto e eles brancos, eu aqui e eles lá, sinto que alguma coisa horrível vai acontecer comigo […] Não, é como se eu estivesse indo fazer alguma coisa que eu não pudesse evitar…” 

Ao aceitar o trabalho de motorista particular para a família do homem mais rico da cidade e conhecer a sua filha comunista, Mary, que, independente das diferenças de classe e raça, tenta tratá-lo de igual para igual, Bigger vai ao encontro da fatalidade de sua profecia. Por conta tanto do seu envolvimento no caso quanto das expectativas sociais sobre as relações entre um homem negro e uma mulher branca, o protagonista se torna o principal suspeito da morte e estupro da jovem garota. 

Para participar da reunião de fevereiro do clube do livro, basta se inscrever clicando aqui. Será maravilhoso receber vocês para discutir a obra de Richard Wright!

Publicado por

É graduanda em Letras - Inglês e literaturas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e bolsista do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil, sob orientação da Profa. Dra. Marcela Santos Brigida.

É graduando em Letras - Inglês/Literaturas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e bolsista do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil, sob orientação da Profa. Dra. Marcela Santos Brigida.

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