Com informações do The Guardian.
Theresa Lola foi nomeada a nova Young People’s Laureate for London, isto é, a nova poeta laureada dos jovens em Londres. Após receber o título, que ficará com ela por um ano, a autora declarou que espera utilizar este espaço para ajudar os jovens a encontrar sua voz e para encorajá-los a “usar o poder e a emoção da língua para celebrar a si mesmos”.
O título de poeta laureado da juventude foi criado com o objetivo de promover a poesia entre jovens de Londres. O projeto foi estabelecido pela agência Spread the Word em 2016. Lola foi selecionada por um júri formado por organizações ligadas às artes, incluindo a Roundhouse, o Barbican e a Apples and Snakes. Ela vai trabalhar em quatro residências em diversas áreas de Londres e oferecer um PoetryLab com a intenção de incentivar jovens poetas talentosos da cidade. Antes de Lola, foram poetas laureados os artistas Caleb Femi e Momtaza Mehri.
Sobre a escolha de Theresa, Ruth Harrison (diretora da Spread the Word) declarou:
“Em um momento de incerteza política, quando as vidas, preocupações e aspirações dos jovens frequentemente são ignoradas e desprezadas, é essencial que as vozes deles sejam ouvidas por quem está no poder. É por isso que a Theresa Lola é uma escolha fantástica, ela não tem medo de explorar temas difíceis e com o talento e compromisso dela para abrir diálogos com os jovens, ela traz a este papel um verdadeiro senso de propósito.”
Quem é Theresa Lola
A Poeta Laureada da Juventude de 2019 é uma artista britânico-nigeriana de 24 anos. Ela é de Bromley, South London. Lola estudou contabilidade na universidade antes de se voltar integralmente à poesia.
Theresa Lola foi uma das vencedoras do Brunel International African Poetry Prize no ano passado e publicou em fevereiro seu primeiro livro, uma coletânea de poemas intitulada In Search of Equilibrium. Bernardine Evaristo descreveu a obra como “de tirar o fôlego”.
Na ocasião do anúncio de que ocuparia o posto de poeta laureada, a autora declarou: “a poesia foi essencial para mim, para encontrar minha voz e para encontrar minha autoconfiança e eu espero que ela possa fazer isso por outros jovens também”.
Sobre representar os jovens da capital britânica, especificamente, Lola disse: “Londres é muito importante para mim, especialmente para a minha arte. É uma cidade muito eclética. Ela me inspira a ser uma variação de mim mesma em cada poema, eu posso experimentar com a forma, com a linguagem, tudo isso se traduz no meu trabalho”.
Uma guinada para a poesia
Pesquisas apontam que as vendas de livros de poesia cresceram nos últimos três anos, batendo um recorde de 12 milhões de libras em 2018. Outros elementos interessantes que as estatísticas reveliram incluem o fato de que dois terços dos compradores de livros de poesia têm menos de 34 anos. Jovens mulheres e meninas na adolescência foram as principais “consumidoras” no ano passado.
Lola enxerga nesses números um paralelo com a ascensão de jovens poetas “ousados e confiantes”, como Raymond Antrobus, de 33 anos (vencedor do Ted Hughes Prize) e Danez Smith, de 29 anos, que levou o último Forward Prize.
“Muitos jovens estão vendo que, sim, a poesia reflete as suas experiências e criação. Eles estão entendendo que ela existe em qualquer lugar. Espero conhecer muitos jovens diferentes e ajuda-los a encontrar a poesia em suas vidas”, ela disse.
Theresa Lola esteve no Brasil no ano passado, participando do Festival Mulheres do Mundo. Idealizado por Jude Kelly, o evento teve sua primeira edição em 2010 – em Londres – e sua realização no Rio de Janeiro (numa parceria entre o British Council e as Redes de Desenvolvimento da Maré) marcou a primeira vez em que o festival aconteceu em uma cidade da América Latina. Lola também participou do Festival Feira Preta em São Paulo.
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Marcela Santos Brigida é professora de literatura inglesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em Literaturas de Língua Inglesa (UERJ, 2022), defendeu tese sobre a obra da escritora irlandesa contemporânea Anna Burns. No mestrado (UERJ, 2020), pesquisou a relação entre a poesia de Emily Dickinson e a canção. É bacharel em Letras com habilitação em língua inglesa e suas literaturas (UERJ, 2018). Atuou como editora geral da Revista Palimpsesto (2020-2021). É coordenadora do projeto de extensão Literatura Inglesa Brasil (UERJ). Tem experiência nas áreas de literaturas de língua inglesa, literatura comparada e estudos interartes, com especial interesse no romance de língua inglesa do século XIX e na relação entre música e poesia.
A poesía é árvore de café com leite.
É a mesma que fala sobre a vida sobre a morte. É a pedra do céu que ainda then coração.
Mato minha sede de poesia e agua me serve de vento, que minha dor tão bem sabe carregar