Andrea Levy nasceu em Londres, em 1956, filha de imigrantes jamaicanos. Sua carreira como escritora não teve início até meados dos seus trinta anos de idade, durante a década de 1990, em um momento em que publicações literárias acerca da experiência de vida de pessoas imigrantes negras vivendo na Grã-Bretanha ainda não tinham chegado ao mainstream. A autora tem 7 livros publicados que abordam perspectivas diversas dentro de sua vivência. O primeiro, Every Light in the House Burnin’, de 1994, sendo o mais autobiográfico, narra detalhadamente as experiências dela e de seus pais navegando a tênue situação de identificação pessoal no país em que vivem agora, o que podemos ver no trecho do livro:
Meu pai era da Jamaica – nascido e criado. Ele veio para este país em 1948 no navio Empire Windrush. Minha mãe juntou-se a ele seis meses depois, em seu quarto em Earl’s Court. Ele nunca falou sobre sua família ou sobre sua vida na Jamaica. Ele parecia existir apenas em um plano de tempo – o presente. Há uma foto antiga dele – granulada em preto e branco, que o mostra vestindo um terno de alfaiataria imaculado e calças largas, com uma camisa com o colarinho preso por um alfinete e uma gravata elegante. Seu cabelo é curto e bem penteado. Ele está parado ao lado de uma cadeira no terreno do que parece ser uma bela casa. A foto faz meu pai parecer um milionário do tipo ‘Grande Gatsby’. Quando perguntei ao meu pai sobre a foto que me fascinou, ele admitiu, a contragosto, que era onde morava. Mas quando eu o pressionei para me contar mais, ele deu de ombros e me disse para não incomodá-lo. Ou ele fazia careta e me perguntava por que eu estava interessada. Ele perguntava isso como alguém que não quer uma resposta – alguém que gostaria que você o deixasse em paz.
Então, por que devemos ler Andrea Levy?
01. Autora Premiada
Durante sua carreira, Andrea Levy foi agraciada diversas vezes com prêmios por suas obras — como o Orange Prize for Fiction, o Whitbread Novel Award, Whitbread Book of the Year Award, o Orange Best of the Best e o Commonwealth Writer’s Prize —, todos pela mesma publicação — Small Island (2004). Seu último romance escrito antes de falecer em 2019, The Long Song (2010), recebeu o Walter Scott Prize for Historical Fiction, demonstrando a maestria e prestígio de Levy dentro do universo literário.
02. Escrita diaspórica
Andrea Levy é capaz de apresentar ao leitor de suas obras um vislumbre da perspectiva de uma filha de imigrantes jamaicanos nascida na Inglaterra. Sua preocupação em escrever livros que representassem sua própria experiência de vida, que é a de muitos outros imigrantes racializados em países de histórico colonizador, confere um teor muito necessário de representatividade para suas publicações.
03. Representatividade plural
Em seus primeiros três livros, a autora explorou perspectivas diferentes dentro dos problemas que imigrantes caribenhos enfrentam vivendo em um local com tanto atrito histórico com a Jamaica como a Grã-Bretanha. Diferente do primeiro, que foi completamente autobiográfico, suas publicações seguintes, como Never Far from Nowhere (1996), que fala da vida de duas irmãs imigrantes e suas experiências com o preconceito, explorando histórias com uma visão mais plural.
04. Perspectiva histórica
Através da leitura da obra de Andrea Levy, o leitor consegue transcender a sua vivência enquanto adentra na introspecção de uma vida alheia, o que possibilita o entendimento de eventos históricos, como a imigração de indivíduos de países que foram colonizados para o país de origem colonizadora, de forma orgânica e mais intimista.
05. Legado literário
A obra de Andrea Levy é extremamente relevante para a literatura contemporânea, abordando uma temática latente que, muitas vezes, acaba não sendo considerada como leitura pela grande maioria das pessoas. É importante continuar a ler autores como Levy para manter viva sua voz e validar suas experiências vividas.
Você já conhecia alguma obra de Andrea Levy?